A batalha semifinal entre Ciro Gomes e o petista Haddad

16/09/2018 11:14

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Romero Vieira Belo

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Ante o prazo fatal estabelecido pelo TSE para sua substituição, Lula finalmente anunciou Fernando Haddad como candidato presidencial do PT, preenchendo, assim, o tabuleiro da sucessão que vinha sendo jogado sem uma das principais peças.

O que muda? Muita coisa, mas, essencialmente dois pontos importantes: primeiro, o PT deverá ser impedido, pela Justiça Eleitoral, de apresentar no horário gratuito da TV vídeos com Lula pedindo voto para Haddad, tendo em vista a condição do ex-presidente de preso recolhido numa cela da Polícia Federal.

Segundo – e bem mais delicado – os principais concorrentes do candidato petista tenderão, a partir de agora, a fazer algo que não vinha sendo visto devido à própria indefinição dentro do PT: bater em Haddad para tentar impedi-lo de chegar ao segundo turno.

Até aqui, o alvo preferencial de Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin era o líder das pesquisas Jair Bolsonaro. Mas, apenas, provisoriamente, porque nenhum se destacava como o ‘segundo colocado’. Nos últimos dias – mostrou a nova pesquisa Datafolha – a vice-liderança começou a ser ocupada por Ciro Gomes. Só que Lula foi vetado pelo TSE e começou a migração de eleitores lulistas para seu vice e virtual substituto.

Ciro já disse que não pretende fazer de Haddad seu ‘principal’ alvo, mas essa garantia só será mantida se o petista não crescer, o que é improvável. Segundo o Datafolha, Ciro está com 13%, Marina com 8%, Alckmin com 9% e Haddad saltou de 4% para 13%, depois de oficializada sua ida para cabeça de chapa.

Ora, é pura lógica: se Haddad crescer e assumir o segundo lugar, Ciro (assim como Marina e Alckmin) terá de atacá-lo por ser o primeiro à sua frente. Simplificando: num cenário assim, o adversário direto de Ciro será o petista Haddad, pois antes de superar o primeiro colocado, terá de derrubar o segundo.

Não quer dizer, por outro lado, que a eleição de Bolsonaro estará decidida. Os números mostram que ele vencerá o primeiro turno, mas a vitória final no segundo não será alcançada facilmente, sobretudo, se o concorrente não for o petista Fernando Haddad.

 

Primeira Edição © 2011