Última Blockbuster dos EUA resiste, apesar de "morte lenta" das locadoras

02/09/2018 13:01

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EFE

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Na cidade de Bend, no estado de Oregon, resiste o último e icônico letreiro azul e amarelo da Blockbuster nos Estados Unidos, a antiga todo-poderosa locadora que, depois da internet e da Netflix, sofre uma inexorável morte lenta.

Com uma população de quase 100 mil habitantes, segundo dados do censo nacional de 2016, a cidade atrai turistas com sua exuberante natureza e grande oferta de atividades ao ar livre, e agora ganha um atrativo extra: abrigar a última loja da famosa franquia. Não é raro ver alguém posando para uma foto ao lado da inesquecível fachada.

Atravessar as portas de vidro e andar entre as estantes com 14 mil títulos é quase uma viagem no tempo. Basicamente é como voltar à época de predomínio absoluto do formato físico, que teve seu auge nos anos 90.

Para Sandy Harding, gerente da unidade de Bend, inaugurada em 2002, a última Blockbuster do país sobrevive por causa dos moradores da cidade, da paixão que eles têm pelo cinema e do apoio que dão ao comércio local.

"O crescimento da cidade, o apoio da comunidade aos negócios locais e o fato extraordinário de ser o último nos mantém com força total. Muito antes de sermos os últimos, vira e mexe, entrava alguém comentando: 'Meu Deus, tem uma Blockbuster na cidade e nunca vi!'. Rapidamente a pessoa se tornava sócia e passava a frequentar", contou Harding.

Outro fato que contribui, segundo ela, é que as famílias começam a perceber os prejuízos causados pelo excesso de conectividade dos filhos.

"Acho que preferem vir aqui e escolher filmes em família, como fazíamos nos anos 90", acrescentou.

Ao fazer um balanço, a gerente, que está na loja desde 2004, admitiu que em certo momento sentiu a chegada da Netflix, da (companhia de filmes via internet) Redbox, e, claro, o baque que significou a declaração de falência da Blockbuster, em 2010, e a posterior aquisição pela empresa americana de TV por assinatura Dish Network.

Fundada em 1985 por David Cook, a Blockbuster chegou a ter nove mil lojas espalhadas pelo mundo em 2004, mas foi incapaz de fazer frente às novas formas de consumo de vídeo. Há pouco mais de um ano, se mantinha viva nos Estados Unidos com 12 pontos - seis deles no Alasca - que, como o de Bend, ficavam majoritariamente em áreas rurais, com limitado acesso à internet.

Hoje, além da única loja em território americano, estão de pé outras cinco na Austrália, que pretendem permanecer em funcionamento até pelo menos 2020 quando a ideia é fazer uma comemoração conjunta pelos 35 anos de fundação da rede.

Enquanto isso, em Bend, a equipe continua atendendo os clientes com a mesma disposição e com o mesmo sistema da década de 90, segundo a empresa, muito eficaz contra hackers.

"Os computadores são muito antigos. É preciso ser muito específico com eles, estamos falando do Windows 3", disse, com orgulho, Gabe Fischer, um dos funcionários.

Seu sonho? Ver o ator Bruce Willis entrar na loja. "Sou capaz de listar quase todos os filmes da loja no quais ele aparece", confessou.

De rede internacional a pequeno museu, que se tornou atração para turistas nostálgicos, a meta da Blockbuster de Bend hoje é continuar atraindo pessoas que curtem procurar um filme na prateleira, ao invés de usar o dedo em um sistema online.

Primeira Edição © 2011