O apoio de Lula e a sucessão alagoana

22/08/2018 12:51

A- A+

Romero Vieira Belo

compartilhar:

A ausência do ex-presidente Lula na eleição deste ano já pode ser vista como fato consumado. A despeito dos esforços do corpo jurídico que o assiste, o líder petista não tem como se livrar da Ficha Limpa, a lei que inabilita políticos condenados em segunda instância, isto é, por um colegiado de juízes.

Mas, e a influência de Lula no processo eleitoral? É evidente que um político com sua liderança (crescente, numa corrida eleitoral em que, tecnicamente, ele está alijado) influirá no comportamento de grande número de eleitores. Isso, aliás, já ocorreu na sucessão presidencial de 2014 e na disputa sucessória em vários estados.

Em Alagoas, Lula – como o PT de modo geral – sempre foi visto com reserva pela maioria do eleitorado, mas a situação começou a mudar desde que o petista assumiu a Presidência da República em 2003. Projetos e programas sociais como o Luz para Todos, Minha Casa, Minha Vida, unidades do Ifal, Pronaetc e, com um peso especial, o Bolsa Família, tonaram Lula palatável junto ao eleitorado de Alagoas, ao longo dos anos.

Tanto é assim que, com seu apoio, Dilma foi a mais votada no Estado, na sucessão presidencial de 2014. Tanto é assim que, mesmo denunciado, condenado e preso, ele liderou com folga todas as pesquisas de intenção de voto para presidente, em Alagoas. E não seria demais anotar que a eleição do deputado Paulão também se materializou com o apoio de Luiz Inácio.

Candidato ou não, portanto, Lula transmitirá seu apoio e influirá na disputa sucessória alagoana. E com uma tendência já conhecida, tendo em vista que, além de uma amizade cultivada há anos, ele enxerga no senador Renan e, por extensão, em Renan Filho, correligionários leais, aliados dignos de sua confiança.

Não esquecerá, por exemplo, que na votação do recente processo de impeachment presidencial, enquanto Fernando Collor votou pela destituição de Dilma, Renan Calheiros conseguiu alterar o desfecho do julgamento de modo a preservar os direitos políticos da ex-presidente (hoje, candidata a senadora em Minas Gerais).

 

Primeira Edição © 2011