A questão é: Collor, realmente, quer ser governador?

20/08/2018 09:42

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Romero Vieira Belo

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Numa sucessão atípica, em que todos os ‘nomes de referência’ evitaram se confrontar com Renan Filho, o senador Collor surge como concorrente – está aí sua candidatura registrada – mas seu grande adversário não será apenas o governador, nem mesmo a obra afirmativa que está realizando no Estado. Collor precisa convencer o eleitor de que é candidato ao governo, e não a fazer um teste para ter uma visão de como será um eventual confronto com Renan Filho, daqui a quatro anos, na disputa pelo Senado.

Não se trata de teoria, mas de simples constatação. Há menos de dois meses, todos se lembram, Collor se dizia candidato a salvar o Brasil de uma das mais profundas crises de sua história. De repente, esqueceu a Presidência e, num lance típico de Mandrake, anunciou-se candidato a governador. Até bem pouco o senador não tinha críticas ao governo alagoano, o trabalho de Renan Filho não lhe merecia reparos. Agora, merece. O eleitor, então, se pergunta: por que a mudança repentina? Aliás, por que entrar numa disputa para tentar mudar o que a maioria popular aprova?

Nem cabe analisar os erros políticos do senador: o confisco da poupança, a disponibilização de servidores públicos, o ‘acordo dos usineiros’. Trata-se de considerar o presente, o que o ex-presidente tem em mente, agora, neste momento. Eis o maior desafio de Collor: convencer o alagoano – inclusive os eleitores da oposição – de que sua candidatura não passa de um teste eleitoral. Ou, como já se diz em toda esquina, de uma prévia com vistas à eleição senatorial de 2022, com uma só vaga em jogo.

Quanto à polarização com Renan Filho, há algo curioso que chama a atenção: Collor, que já foi prefeito (de Maceió), deputado federal, governador, presidente e senador, tem nome, mas não tem obra. O governador, apenas ex-prefeito (de Murici) e ex-deputado federal, ainda não tem nome ‘consolidado’, mas tem obra. E sabe Collor, como a oposição sabe, que nesses tempos de descrença na política, para o eleitor a obra importa mais do que o homem. Enquanto o político é promessa, a obra é a verdade.

Enfim, o projeto do senador remete a uma questão: levando a vida que leva, em Brasília, presidindo as mais importantes comissões do Senado Federal (atualmente, comanda a de Relações Exteriores, que lhe enseja frequentes viagens internacionais com pompa e circunstância), Collor realmente pretende largar tudo na capital federal para ser governador de Alagoas?

 

BOLA EM JOGO

Collor e Renan Filho iniciaram suas campanhas neste final de semana. Na 6ª feira, Collor fez caminhada no Vergel. Neste domingo, Renan promoveu sua ‘largada’ no Iate Clube Pajussara.

 

MEGA BLOCÃO

A coligação de Renan Filho reúne 18 partidos: MDB, SD, PPS, PDT, PR, PTB, PC do B, PHS, PV, Avante, PT, PSD, PRTB, DC, Podemos, PMB, PRP e PMN. É um recorde em Alagoas.

 

APOIO DE LULA PESARÁ NA CAMPANHA

Seja qual for o destino de Lula no atual processo eleitoral, o fato é que o apoio declarado do ex-presidente vai influir e muito na campanha de candidatos a governos estaduais, a exemplo do alagoano Renan Filho. Lembrando que a posição de Lula foi decisiva para a aliança do PT com o MDB de Alagoas.

 

OUTRO CLIMA

Collor já sente que não terá a atmosfera que imaginava dentro do PSDB. Tucanos candidatos, com exceções, vão estar juntos do senador. Os não candidatos, porém, tendem a guardar distância.

 

UMA EVIDÊNCIA

Os aliados de Collor também admitem o favoritismo de Renan Filho. Ninguém alimenta ilusões. Aliás, se o ex-presidente não tivesse ainda 4 anos de mandato, jamais teria entrando no páreo.

 

APOIO A SÉRGIO REFLETE DESEMPENHO NA ALE

Candidato a deputado federal, Sérgio Toledo não se impressiona com o apoio que tem recebido. “É o reflexo do trabalho que há anos realizado como deputado estadual”. Como atuação destacada na Assembleia Legislativa, Sérgio Toledo atua, sempre, não em defesa de um ou outro setor, mas voltado para os interesses de todo o Estado. Na foto, ele aparece com Murilo e Ricardinho, duas destacadas lideranças do Município de Junqueiro.

 

EFEITO LIMINAR

Mesmo condenado em 2ª instância, o deputado federal João Rodrigues vai concorrer à reeleição. Ele foi beneficiado por liminar concedida pelo ministro Rogério Cruz, do STJ.

 

E LULA, PODE?

Ora, se João Rodrigues pode, por que Lula não pode? Coisas da Justiça. Fosse um ministro favorável à cumprimento da pena em 2ª instância, e a decisão, com certeza, seria outra. Oposta.

 

LULA LIDERA E BOLSONARO TAMBÉM, SEM LULA

O cenário da sucessão presidencial congelou. As pesquisas mais recentes mostram Lula com 30% e Bolsonaro com 23% (sem o ex-presidente no páreo). Parece uma releitura de sondagens antigas. A briga pelo terceiro lugar (ou pelo segundo, sem Lula) continua entre Marina, Ciro e Alckmin nessa ordem. O fato é que o eleitorado não sentiu nada de novo, nos últimos meses, para ensaiar migração de um candidato para outro. Segue estático.

 

ALÉM DO LIMITE

Em campanha, tem candidato que promete tudo. É um risco. Quando se comete exagero, o tiro sai pela culatra. O que seria uma perspectiva pode acabar virando pura demagogia e até piada.

 

SUPER-HERÓI

O Ciro Gomes, presidenciável do PDT, prometeu tirar 63 milhões de brasileiros do SPT e Serasa. Virou anedota. Tem gente indo ao banco limpar o nome. Anuncia que o Ciro vai pagar sua dívida.

 

GARANTIA PARA UM BOM SEGUNDO MANDATO

Analistas políticos avaliam que, para fazer um bom segundo governo, Renan Filho precisa, apenas, concluir as obras já em andamento: escolas de tempo integral, hospitais, viadutos, centros policiais e por aí vai, requalificação das grotas, ativação do Eixo-Cepa e novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Primeira Edição © 2011