Collor é candidato a governador. E agora?

05/08/2018 21:25

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Romero Vieira Belo

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A convenção tucana realizada neste domingo confirmou o que se sabia: o PSDB não tinha um nome ‘competitivo’ para disputar o governo com Renan Filho. Os principais picones da legenda – Teotonio Vilela, Rui Palmeira e Rodrigo Cunha – preferiram ficar de fora do processo. Assim também já havia decidido o aliado Benedito de Lira.

Mas o que poderia ser um baita vexame – o principal partido de oposição sem um nome de referência para comandar a campanha ao governo – acabou se dissipando com o repentino surgimento do senador Fernando Collor, que há duas semanas garantia, em Brasília, ser candidato à Presidência da República.

O que se pergunta é até que ponto a entrada de Collor em cena altera o processo sucessório estadual. O senador integra um pequeno partido – PTC – e vai fazer o que sempre faz, até por força do instinto: jogar o jogo eleitoral. Sem compromisso com a vitória, pois já ganhou uma e perdeu duas para governador – as últimas que disputou.

O fato é que diante de uma liderança quase hegemônica exercida pelo MDB em Alagoas, Collor foi lançado por duas motivações: ajudar o filho, Fernando James, a se eleger deputado federal, e antecipar a próxima disputa senatorial, prevista para daqui a quatro anos.

Como é sabido, em 2022 só haverá uma vaga de senador em jogo. Collor vai querer se reeleger, obviamente, e sabe que seu provável adversário será Renan Filho, hoje um nome já com projeção nacional e com perspectiva de mais afirmação, se permanecer à frente do governo alagoano.

A oposição, é verdade, respirou aliviada com o anúncio de Collor, mas sabe que a missão será muito, mutíssimo difícil. O senador tentou o governo em 2002 e perdeu. Tentou de novo em 2010, e não conseguiu. Com votação declinante.

Agora, chega com um trunfo – seu vice, o vereador Kelmann Vieira é uma liderança emergente, tem potencial – mas Collor está ao menos dois anos atrasado. Ele se lança com tudo já encaminhado - coligações definidas, candidaturas consolidadas – numa eleição de campanha curtíssima e com o Estado todo já exaustivamente ‘explorado’ em articulações políticas...

Para a oposição, contudo, – não para a esquerda alagoana, vale anotar – Collor de Mello chega para ‘animar o baile’, uma balada já bem próxima do acorde final, e, quem sabe, tirar um peso enorme das costas de Rui Palmeira. Mais isso vai ter um preço.

Primeira Edição © 2011