Washington Luiz, o CNJ, o Supremo, a TV Globo - e um paralelo inevitável

09/07/2018 19:21

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Romero Vieira Belo

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Ao reintegrar Washington Luiz ao colegiado do Tribunal de Justiça, os conselheiros do CNJ foram quase unânimes em um ponto: não havia provas contra o desembargador alagoano.

Washington Luiz foi absolvido em quatro processos, todos eles com um fundo político embasando as acusações. Explica isso, de modo indiscutível, a formação política do desembargador e a influência política de sua família, mormente no Alto Sertão.

Washington se elegeu deputado estadual duas vezes, seu irmão, Inácio Loiola, é deputado estadual, e sua filha Melina (atualmente secretária de estado), foi prefeita de Piranhas.

Em todas as denúncias, o Conselho Nacional de Justiça constatou a ausência de provas. Nada, além de testemunhos monocórdios, parecendo mais uma sinfonia de ‘ouvi dizer’. Sem provas, tentaram pegar Washington com denúncias em profusão.

Sem provas, em decisão paralela, ministros do Supremo Tribunal Federal arquivaram denúncia contra Fernando Capez. Professor de Direito, jurista consagrado. Seu mal: ingressar na política e eleger-se deputado estadual. Assumiu a presidência da Assembleia de São Paulo e, desde então, sentiu capricho no esforço para denunciá-lo e bani-lo da vida pública. A Corte Suprema foi concludente: sem provas, nada de processo.

A história do Judiciário alagoano mostra uma correlação no mínimo intrigante: dois desembargadores denunciados até hoje exibem atuação política em sua trajetória curricular: Washington Luiz como deputado, e Tutmés Airan como militante, advogado de partidos de esquerda em Alagoas. Coincidência?

Washington, por elementar questão de Justiça, deve assumir o comando do Tribunal de Justiça para cumprir seis meses e assim completar o mandato de dois anos como presidente.

Já a TV Globo de Televisão, que na época do afastamento exibiu  reportagem insidiosamente editada, deveria, ao menos, noticiar a absolvição do desembargador, que o Jornal Nacional, tentou condenar sem julgamento. Por ética profissional e em nome do ‘bom jornalismo’, a TV dos irmãos Marinho deveria ter conferido ao desembargador alagoano o mesmo espaço dispensado ao jurista Fernando Capaz. Não o fazendo, deixa evidente a falta de compromisso não com WL, mas com o próprio público. O bom jornalismo, afinal, é o que divulga os dois lados.

Tal como divulgou a vitória de Fernando Capaz, a Globo tinha o dever inarredável de fazer o mesmo com Washington Luiz.

 

 

 

Primeira Edição © 2011