Tributo a um baluarte

02/07/2018 17:37

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Romero Vieira Belo

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Produto de pesquisas científicas realizadas no final do século 19 e início do século 20, o rádio tem exercido papel inestimável nas sociedades do mundo inteiro ao longo dos tempos.

No plano da comunicação, em todas essas décadas, a radiofonia protagonizou, ainda que de forma limitada, o que a televisão passou a proporcionar, com imagens e cores, a partir dos anos 50, aqui no Brasil, sobretudo. Mais adiante surgiu a Internet e, hoje, a civilização caminha integrada pelos canais da informática.

O advento e a popularização da TV, com novelas, filmes e notícias em transmissões animadas e a cores, pareciam ameaçar o futuro do rádio, mas foi só ameaça. Ágil, dinâmica e de baixo custo operacional, a transmissão radiofônica se impôs e manteve seu próprio espaço-tempo: de cada amanhecer até uma ou duas horas da tarde, não tem pra ninguém – o ‘rádio deita e rola’.

E se mantém no ar, também, pela indiscutível competência de seus comunicadores. Este escrito, aliás, é dedicado a um deles, que conheci no início da década de 1980. Um novel promissor.

Não apareceu pronto e acabado. No estúdio, começou como plantonista esportivo. Aprendeu com os melhores, evoluiu, ganhou experiência, tornou-se um profissional completo. Criticado e admirado. Atacado pela sinceridade, admirado pelo insistente compromisso com a verdade. Um pluralista por excelência. Polêmico, por entender que sem debate, sem contraditório, não se chega à luz dos fatos. E assim deve ser.

Concebeu uma forma sutil e inteligente de noticiar coisas negativas que atingem amigos, pessoas conhecidas: com uma palavra amiga, quase em tom de defesa, relata os fatos e, assim, deixa seus ouvintes informados. Engenhosamente. É uma marca sua. Genuína. Supremo compromisso com a informação.

Seu tom, às vezes professoral, esconde a simplicidade que os míopes não enxergam. Repele o erro, mas abomina conviver com o errado. Por tudo que faz – e o faz com invejável dedicação e proficiência – tem seu público cativo. Ouvintes que o seguem, esteja onde estiver, não importa a emissora. Poderia acrescentar, dizer muito, realçar seus atributos pessoais, mas, por limitação de espaço, resumo em uma frase: é um discípulo do bem.

Pelo quatro de julho que se aproxima, por tudo que faz e pelos méritos de uma vida de lutas, antecipo minha homenagem a um baluarte da radiofonia brasileira: parabéns França Moura!

 

Primeira Edição © 2011