As entranhas da reforma que Temer 'trocou' pela intervenção no Rio

28/02/2018 18:37

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Romero Vieira Belo

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As entranhas da ‘reforma’

Ninguém entende porque Temer, sem aspiração política, impopular ao extremo, fez da reforma do sistema previdenciário um objetivo de vida. Mais do que ideia fixa, uma obsessão. O que se sabe é que a reforma implica na criação de fundos de pensão voltados para aposentadoria complementar. Traduzindo: a proposta interessa aos banqueiros, que passarão a gerir fundos lastreados com bilhões de contribuições de servidores públicos.

Já a reforma em si, em que pesem os penduricalhos já podados a título de negociação com os deputados, se resume a dois pontos básicos: 1 – impõe o teto do regime geral para aposentadoria de servidor público, que perde o direito à integralidade salarial; 2 – fixa idade mínima para obtenção de aposentadoria – 60 anos para as mulheres e 65 anos para os homens. A regra atual, adotada no governo Dilma, aposenta a mulher com 85 anos e os homens com 95 anos, somados idade e tempo de serviço.

Com a reforma, o regime será draconiano. Exemplo: um jovem começa a trabalhar aos 20 anos. Aos 60, já terá contribuído com 40 anos, mas, para obter provento integral, terá de trabalhar mais cinco anos. Lembrando, o teto do INSS, hoje, é de R$ 5.600.

Já o servidor público, que Temer considera ‘privilegiado’, perderá a integralidade. Seu teto será o mesmo do regime geral, mas Temer sempre escondeu um ponto essencial: hoje, o servidor que ganha, por exemplo, 20 mil, 30 mil ou 40 mil reais, contribui sobre o total do rendimento. Com a reforma, a contribuição será

em cima do teto de R$ 5.600. Portanto, haverá uma perda enorme no saldo das contribuições. Os reformistas não falam disso.

Diante desses números, qualquer legislador responsável rejeitará a reforma. Já os aliados da base governista – todos eles – não avaliam o conteúdo da proposta. Só olham para as benesses, os bilhões de reais que o governo libera para beneficiá-los.

Primeira Edição © 2011