O que são as zonas mortas dos oceanos - e por que elas estão cada vez maiores

08/01/2018 16:12

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BBC Brasil

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Um dos problemas ambientais mais discutidos atualmente é a quantidade de plástico que existe nos oceanos. A maioria das pessoas já sabe que as milhões de toneladas de resíduos que terminam ali todos os anos geram danos irreparáveis ​​para a vida marinha.

Mas há outro problema, menos conhecido, com consequências graves para os ecossistemas aquáticos: a presença de zonas mortas.

De acordo com um estudo publicado recentemente na revista Science, o tamanho das áreas sem oxigênio nas águas abertas do oceano quadruplicou desde meados do século 20. E as zonas com muito pouco oxigênio perto das costas se multiplicaram por 10.

Isso, dizem os autores do primeiro estudo que analisa com profundidade a falta de oxigênio nos oceanos, pode causar a extinção em massa de espécies no longo prazo, colocando em risco a vida de milhões de pessoas que dependem do mar como fonte de alimentação e trabalho.

"Os maiores eventos de extinção na história da Terra foram associados a climas quentes e a deficiência de oxigênio nos oceanos", disse Denise Breitburg, cientista do Centro de Investigação Ambiental Smithsonian, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo.

"Na atual trajetória, é para isso que estamos seguindo. Mas as consequências para os seres humanos de continuar por esse caminho são tão extremas que é difícil imaginar que chegaremos tão longe indo nessa direção."

 

Vida asfixiada

 

Produção de energia eólica: Parte da solução para diminuir o aquecimento global é a adoção de energias renováveis, como a eólica | Foto: Science Photo Library© BBC Parte da solução para diminuir o aquecimento global é a adoção de energias renováveis, como a eólica | Foto: Science Photo Library

As zonas mortas são grandes extensões de água que contêm pouco ou nenhum oxigênio.

Elas são chamadas de "mortas" porque há poucos organismos que conseguem sobreviver ali - a maioria dos animais que acabam nessas manchas se sufocam e morrem.

Enquanto as zonas de baixo oxigênio ocorrem naturalmente no oceano (geralmente a oeste dos continentes, devido ao efeito da rotação da Terra nas correntes oceânicas), o problema é a proporção em que se expandiram desde 1950.

Os baixos níveis de oxigênio fazem com que os animais cresçam menos, além de ter mais problemas reprodutivos e doenças.

Mas como ocorre a expansão das zonas mortas?

As mudanças climáticas, produto da atividade humana, são o principal responsável, especialmente nas águas abertas.

Como as águas quentes têm menos oxigênio, à medida que a água da superfície se aquece o oxigênio tem mais dificuldade em atingir as profundezas do oceano.

Outro efeito é que, quando a água é mais quente, os animais precisam respirar mais rápido - isso faz com que usem mais oxigênio em menos tempo.

Nas águas costeiras, o principal problema são as substâncias que são utilizadas na agricultura e chegam no oceano.

Elementos como o fósforo, presente em fertilizantes e adubos para plantas, são levados para os rios. Ao chegar no mar, provocam o crescimento excessivo de algas que, quando morrem e se decompõem, absorvem enormes quantidades de oxigênio.

 

Soluções

Como se os efeitos acima mencionados ainda não fossem suficientes, a falta de oxigênio também pode fazer o oceano liberar substâncias químicas perigosas, como o óxido de nitrogênio, um gás com efeito de estufa 300 vezes mais poderoso que o dióxido de carbono.

Mas os especialistas avaliam tratar-se de um problema que tem uma solução.

"Parar a mudança climática exige um esforço global, mas mesmo as ações locais podem ajudar a diminuir o oxigênio produzido pelo excesso de nutrientes", disse Breitburg.

Além de implantar medidas para reduzir o aquecimento global, os cientistas recomendam medidas como criar áreas marinhas protegidas, áreas que os animais usam para escapar de baixos níveis de oxigênio nas quais a pesca seria proibida.

Primeira Edição © 2011