Eleição já provoca baixas e obriga Temer a antecipar troca de ministros

04/01/2018 11:15

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EL PAÍS

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À revelia de Michel Temer, mais um ministro deixou seu cargo na Esplanada dos Ministérios. Marcos Pereira (PRB), que respondia pela pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, entregou sua carta de demissão nesta quarta-feira. É a quarta baixa em dois meses. Todas por conta das eleições de 2018. A saída força com que o presidente antecipe uma reforma ministerial, ainda que a conta gotas. As trocas estavam previstas para ocorrerem apenas em abril, mês limite para os candidatos a cargos eletivos se demitirem de suas funções comissionadas.

A saída de Marcos Pereira, do petebista Ronaldo Nogueira (Trabalho) e dos tucanos Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades) trazem uma hercúlea tarefa a Temer: reformar seu Governo a um mês e meio de se talvez sua última votar a sua reforma da Previdência. Ou seja, tem de articular para que as trocas ajudem a garantir os 308 votos necessários para a aprovação das mudanças nas aposentadorias. Tudo isso em um momento em que a saúde do presidente voltou a apresentar debilidades. Ele foi orientado pelos médicos a reduzir sua carga de trabalho e a passar a virada do ano em casa porque apresentou um quadro de infecção urinária.

Os ex-ministros do PSDB deixaram os cargos porque a legenda não definiu oficialmente se continua ou não no Governo Temer. Além disso, o partido tenta angariar apoio entre siglas do centrão, que hoje são a principal coluna de sustentação do Planalto, para a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência da República. Já os ex-deputados do PRB e do PTB deixam os cargos simplesmente porque querem se dedicar às suas campanhas eleitorais neste ano. Ambos concorrerão a uma vaga na Câmara dos Deputados.

Um agrado para Roberto Jeferson

Dos quatro demissionários, três foram substituídos. Todos os substitutos são deputados federais que abriram mão de mão de disputarem a reeleição. Alexandre Baldy (PP-GO) assumiu o Ministério das Cidades e Carlos Marun (MDB-MS), a Secretaria de Governo. Nesta quarta-feira, quatro horas depois de receber a carta de demissão de Pereira, o presidente se reuniu com Roberto Jefferson, que cumpriu pena de prisão pelo mensalão que hoje preside o PTB. Do encontro, saiu a indicação da nova ministra do Trabalho, a deputada petebista Cristiane Brasil, filha de Jefferson. Sua posse deve ocorrer na próxima semana.

Desses três, apenas Baldy não enfrentou resistências desde que assumiu o cargo. Marun já se envolveu em um embate com governadores quando, em uma entrevista coletiva, condicionou a liberação de recursos ao apoio dos chefes de Executivos Estaduais à reforma da Previdência. Na terça-feira, foi denunciado à Comissão de Ética da Presidência da República onde poderá responder a um processo.

Já Cristiane Brasil não é unanimidade de seu partido. Três de quatro deputados do PTB ouvidos pela reportagem disseram que a indicação dela não teve o aval da bancada. “Nem sequer fomos consultados”, afirmou um parlamentar. Roberto Jefferson respondeu que seu partido é unido e, às lágrimas, explicou a um grupo de repórteres que o nome de sua filha não foi uma indicação sua: “Eu não indiquei. O nome dela surgiu!”. Antes de ela ser indicada, o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) tinha sido o escolhido pela sigla. Sua nomeação foi vetada por José Sarney (MDB), o ex-presidente da República que é um dos consultores de Temer e de um grupo político distinto de Fernandes no Maranhão.

Até abril, Temer ainda deverá trocar a metade da Esplanada dos Ministérios, afinal, 14 de seus 28 ministros tentarão a sorte nas urnas. Entre eles, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), que se apresenta como potencial candidato à presidência da República e o da Educação, Mendonça Filho (DEM), que está sendo cotado concorrer como vice de Geraldo Alckmin. Os outros ministros que deverão disputar a reeleição ou uma vaga no Legislativo são: Helder Barbalho (Integração), Gilberto Kassab (Comunicações), os senadores Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Blairo Maggi (Agricultura), além dos deputados federais Raul Jungmann (Defesa), Maurício Quintella (Transportes), Osmar Terra (Desenvolvimento Social), Ricardo Barros (Saúde), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Sarney Filho (Meio Ambiente), Leonardo Picciani (Esportes) e Marx Beltrão (Turismo).

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