EUA, Canadá e México fazem progresso em terceira rodada de renegociação do Nafta

28/09/2017 07:58

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Estadão Conteúdo

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A terceira rodada de renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) chegou ao fim nesta quarta-feira em meio ao crescente pessimismo após os Estados Unidos, o Canadá e o México ficarem distantes de questões centrais, como a resolução de disputas comerciais, mesmo que alguns progressos tenham sido feitos nas normas para pequenas empresas e serviços financeiros.

Em um evento de encerramento com declarações dos membros dos três países integrantes do Nafta, o progresso nas conversas foi aplaudido, incluindo a conclusão de um capítulo abordando pequenas e médias empresas. EUA, México e Canadá disseram que também estavam próximos de um texto final em um capítulo sobre política de concorrência.

"É claro que há uma enorme quantidade de trabalho a se fazer, inclusive em algumas questões difíceis e contenciosas", disse o representante comercial americano, Robert Lighthizer, em uma declaração. "Continuamos a impulsionar formas de reduzir o déficit comercial dos EUA e estamos comprometidos com uma renegociação substancial que revigore a indústria americana e o acesso recíproco ao mercado" para agricultores, fazendeiros e empresas dos EUA.

Uma decisão da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, que impôs uma taxa de 220% a aviões da Bombardier, uma das maiores empresas industriais canadenses, adicionou tensão às horas finais de conversas na capital canadense. A autoridade comercial americana decidiu a favor de uma denúncia da Boeing, alegando que a Bombardier se beneficiou injustamente de subsídios estatais, permitindo que a empresa de Montreal vendesse jatos CSeries de 100 lugares com um grande desconto.

Políticos do Canadá advertiram as consequências para a Boeing e convidaram o primeiro-ministro, Justin Trudeau, a responder a questão com força. "A Boeing pode ter vencido uma batalha, mas a guerra está longe de terminar. E nós devemos vencer", disse o primeiro-ministro de Quebec, a base da Bombardier, Philippe Couillard. Ele pediu que Trudeau tomasse uma "linha muito dura" contra a Boeing. "Nem um parafuso, nem uma parte, nem um avião da Boeing deve entrar no Canadá até que seja resolvida essa questão de forma satisfatória."

A decisão da agência de comércio americana contra a Bombardier provavelmente fortalecerá a decisão do Canadá de manter provisões de solução de disputa que estão, atualmente, no Nafta, mas que o governo Trump deseja encerrar, alegando que eles representam uma ameaça para a soberania dos EUA.

"O Canadá estará, agora, mais decidido do que nunca a manter" os painéis de arbitragem do Nafta, disse o estrategista de comércio com sede em Ottawa Peter Clark. Para ele, que já trabalhou no governo canadense, os negociadores do país estão preparados para se afastar da renegociação do pacto em relação aos mecanismos de solução de controvérsias - em particular o Capítulo 19, o que permitiria que uma empresa como a Bombardier possa desafiar as tarifas impostas por Washington antes de um painel independente

Três pessoas familiarizadas com as negociações também afirmaram que havia uma profunda preocupação com uma postura apresentada pelos EUA sobre as chamadas salvaguardas sazonais para a agricultura, o que bloquearia as importações de produtos mexicanos durante determinadas épocas do ano.

A posição dos EUA sobre questões como o Capítulo 19 e a agricultura "são uma saída bastante radical do passado e há uma preocupação crescente de que [os negociadores] não possam, realmente, sair disso em comum acordo", afirmou o analista Eric Miller, do Instituto do Canadá Woodrow Wilson Center, que se concentra em comércio.

Após essa rodada em Ottawa, as negociações do Nafta voltarão a ocorrer em Washington, no próximo mês. Fonte: Dow Jones Newswires.

Primeira Edição © 2011