Vídeos invadem redes sociais

20/09/2017 15:39

A- A+

Hugo Taques

compartilhar:

                              A expressão, “Uma imagem vale mais que mil palavras”,  do pensador político e filósofo Confúcio (552 e 479 a.C), parece que  foi ou está indo por água abaixo, agora elas se multiplicaram, são bilhões por segundo, ganharam movimentos e dominaram a internet, mas muitas vezes não dizem nada com coisa alguma e não são capazes de expressar ou transmitir uma boa mensagem.                                     

             Hoje acordei muito cedo, uma chamada telefônica por engano perturbou meu sono e não consegui mais dormir,  já que  estava com o celular  nas mãos, por causa da chamada e da falta de sono, resolvi dar uma olhadinha nas minhas redes sociais. Quem nunca,rs?!               Pela primeira vez me  chamou   atenção  a quantidade de vídeos que estão sendo despejados nas redes (até no whatsApp que se supõe mais privado e com objetivo mais especifico), quase  não se vê mais uma foto bonita, expressiva, mostrando ‘coisas’ do dia a dia dos amigos virtuais, que eu tanto curto.  No meu Feed de Noticias, por exemplo, chegou a quase 100% a proliferação desses vídeos, sendo na sua quase totalidade,  banais, incômodos, repetitivos, barulhentos, perturbadores e de mau gosto (assim como também algumas imagens, é claro), 99% deles são compartilhamentos que viralizaram e continuam sendo multiplicados. Zero virgula zero, zero, zero...1%, são interessantes e  mostram ‘ coisas ‘  do dia a dia dos próprio internauta que o publicou , o que pensa, o que sabe e gosta de fazer, suas viagens, suas comemorações, seus amores, suas festas, etc.. Isso eu acho legal!   Mas não é assim que está acontecendo. Podem até  ser interessantes, atrativos,  para uns, aceitáveis para outros, mas para mim é um saco, irritante. Não vou negar, tem coisas boas sim, raras, mas tem.                                                                                                                

               Quando  vejo uma boa foto meu pensamento divaga,  voa longe buscando interpretações possíveis para ela.  Uma imagem tem o poder de congelar o tempo, ela evoca para si  toda poesia e sonoridades do momento, ela diz mais que mil palavras,  da mesma forma como um bom filme que narra uma boa história e que em muitos casos nem precisa de palavras.   Mas a invasão desses  vídeos que  estão sendo compartilhados em nossos feeds,  na sua esmagadora maioria, com  narrativas e mensagens banais, tolas e bobas (redundância para reforçar mesmo) que só servem para poluir o mundo virtual, estão desconfigurando os tradicionais e bons  APPs e levando-os para rumos incertos, por exemplo o facebook.

                Não sou contra a linguagem do vídeo, muito pelo contrário, até estou passando a gostar e produzir alguns, mesmo que ainda meio capenga, meia boca, mas estou fazendo, é um aprendizado, e é isso que proponho, que as pessoas passem a produzir seus filmes, suas imagens e até construir  pensamentos para compartilhar com o mundo, se tornem  criativas e não meros repassadores de criações de terceiros nas suas linhas do tempo. Que  tornem, novamente, nossas redes sociais, mais atrativas e prazerosas de navegar. Política e religião, reforço,  são temas de foro intimo, tenhamos  cautela ao manifestar. Da mesma forma que  manifestamos  publicamente nossos pensamentos, podemos nos ofender com  que outros pensam e manifestam  contraditoriamente.

                Quem está na rede que não possui um computador, um tablet ou celular?  Quem não possui uma câmera fotográfica no bolso ou na bolsa? Basta uma boa ideia ou mesmo só a iniciativa de ligar a câmera apontar para si ou para frente  e contar uma história,  são tantos programas prontos e gratuitos, milhares de tutoriais que ensinam a fazer vídeos e montagens animadas de fotografias,  que ficou muito fácil. Vamos nos  mostrar  ao mundo, vender nossas  ideias.  Não sejamos  apenas meros compartilhadores de histórias que nem sempre tem a ver conosco.  Sejamos críticos, só vamos nos comprometer  repostando em nossas redes sociais um projeto, uma ideia, uma história que realmente acreditamos nela, que diga respeito  à nossa  vida, ao nosso modo de viver, aos nossos ideais.   

               Eu sei que o mundo  virtual é  proativo, dinâmico e está  em constante mudança e deve ser assim, é quase  impossível acompanhar o desenvolvimento  tecnológico  de tão rápido que acontece, mas deveríamos também ser capazes, e  com a mesma velocidade,  de utilizá-los em nosso favor e tornar esse mundo melhor e mais atraente.  

                                                                                                                                                                                                     (Hugo Taques, historiador, fotógrafo e colaborador neste portal).

                                                                                

                                                            

 

 

Primeira Edição © 2011