Agentes penitenciários transformam sonho em realidade no presídio

Reincidência criminal é inferior a 5%; Alagoas é único Estado com unidade modelo dentro dos 'Módulos de Respeito'

07/08/2017 13:44

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Ascom Seris

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“Creio na ressocialização, antes de vim para cá eu não acreditava”, comenta Rogério Wanderley, agente penitenciário que trabalha no Núcleo Ressocializador da Capital (NRC) desde a sua inauguração, em agosto de 2011. O modelo de gestão prisional desenvolvido na unidade pela Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) mudou sua perspectiva sobre a profissão e a importância do seu trabalho.
 
“Não tinha como [crer na ressocialização], achava que estávamos aqui simplesmente para punir. O Núcleo é uma oportunidade que temos para mostrar um trabalho inovador e eficaz”, afirma o profissional, que antes de ir para o NRC, trabalhava na escolta e remoção dos apenados.
 
A unidade prisional tem sua metodologia de atuação baseada nos Módulos de Respeito, preza pelo diálogo, transparência e honradez. A unidade é a única do país tem essa metodologia, inspirada em uma experiência realizada em Leon, na Espanha. Com menos de 5% de reincidência criminal, o NRC atende as determinações da Lei de Execuções Penais (LEP).
 
Para o chefe da unidade, Élder Rodrigues, é justamente a aplicação correta da LEP que possibilita o sucesso do projeto. “A lei diz que temos que dar oportunidades e elas são dadas aqui. Eles trabalham e estudam, além de participar de cursos profissionalizantes. Se dermos condições aos internos e servidores, a ressocialização acontece. O Núcleo é a prova disso”, afirma.
 
Diálogo como ferramenta de transformação
“Muitas vezes o trabalho do agente penitenciário é colocado de uma forma negativa para a sociedade, como alguém que está para punir. O Núcleo mostra exatamente o contrário disso. Aqui trabalhamos com a arma mais letal que a gente tem: a caneta. Aqui nunca punimos de forma mais enérgica, sempre fomos obedecidos através do diálogo. Isso é extremamente importante”, completou Wanderley.
 
Conquista profissional
Rogério Wanderley explica que o respeito entre os agentes penitenciários e internos é imprescindível. “Um interno comentou outro dia que esse trabalho faz com eles tenham consciência para construir um futuro promissor. Sabemos que nem todos desejam mudar de vida, mas é preciso dar oportunidade para quem quer”, afirmou.
 
Hoje, o agente penitenciário afirma não enxergar mais o sistema prisional sem o Núcleo Ressocializador. “Mostramos para sociedade que somos capazes de fazer muito mais do que ‘bater grade’. Muitos pensam que o agente penitenciário é opressor. Quando na verdade somos agentes ressocializadores”, completou o gestor da unidade, Élder Rodrigues.

Primeira Edição © 2011