A esperança pode morrer?

20/05/2017 11:11

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Geraldo Câmara

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                                 A esperança pode morrer?

                                                       

                                                              (publicado na Revista Folha da Barra de maio 2017)

                    Espero sinceramente que ninguém a tenha morta. Espero que passe longe da cabeça dos brasileiros imaginar que a esperança - a última que morre - possa ser assassinada em nossos corações. Ela pode sofrer de males incríveis, pode ter quedas e até algumas passagens pelas UTIs da imaginação, mas morrer, nunca.

                  Os males que fazem sofrer a esperança estão aí para que todo mundo veja e sinta. Eles são provocados por nós mesmos, seres humanos falíveis, alguns melhores, alguns piores e outros, muitos outros, ainda bem piores. São esses que estão aparecendo porque deles estão lhes tirando as manguinhas e as colocando de fora; esses são os principais responsáveis para que os nossos brasileiros decentes queiram pensar em perder a esperança. Mas, estaremos todos atentos, reagindo, gritando, impulsionando nossas almas para a certeza de que o Brasil será salvo por muitos compatriotas e patriotas que serão responsáveis pelo expurgo dos males que assolam o país, nos dão tristeza e muita vergonha nacional e internacional.

                 Perdi as contas. Não sei mais de quantos processos se faz uma Lava Jato. Não sei mais de quantas delações, de quantas prisões, de quantas algemas se faz o Brasil que estava oculto entre "triplex", sítio, contas nacionais e internacionais, numeradas ou não. Não sei, sinceramente, de quantos acusados se escreve a terrível história que se conta hoje, nem de quantos delatores, que também são acusados, estiraram  os dedos contra seus ex-parceiros de falcatruas e de ganhos fáceis. Ou nem tão fáceis assim, já que a corrupção é como as drogas viciando os que as conhecem e fazendo de cada um a vítima de si mesmo e o suicida do próprio caráter.

                Triste, muito triste, ver um Jornal Nacional, respeitado como sempre foi, perder horas e horas, semanas inteiras, em relatos de delações que se constituem no maior escândalo da república, mas que tiraram dos telespectadores as outras notícias de um Brasil que pode crescer, de um Brasil ocupado por um povo criativo que também sabe ser honesto e construtivo.

                Terrível sabermo-nos criticados ao redor do globo, criticados por gregos e troianos, vilipendiados porque uma corja de grandes executivos e políticos acharam por bem criar a própria república onde os mandos e desmandos os levavam a riquezas fabulosas nas barbas dos coitados que ainda vivem nas ruas, nas comunidades pobres, nas valas da miséria.

                 Mas, paradoxalmente, estamos alegres, contentes mesmo. Porque sabemos que ela, a esperança, vive e revive diariamente no espírito do povo brasileiro. Um povo corajoso que sempre soube surgir das cinzas, espalhar o lixo, separar o joio do trigo e lutar por um país melhor. Assim foi, assim será.

                Com a ajuda de Deus e com a força dos homens e mulheres de bem, o país levantará do  falso "berço esplêndido"  e sempre saberá que "o filho seu não foge à luta". Honrando a esperança que não morre. Nunca.    

 

 

Primeira Edição © 2011