Temer discute operação Carne Fraca no Planalto com ministro Blairo Maggi

19/03/2017 15:35

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G1, Brasília

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O presidente Michel Temer recebeu neste domingo (19) no Palácio do Planalto o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para discutir a operação Carne Fraca.

Deflagrada pela Polícia Federal na sexta (17), a operação investigou o envolvimento de servidores do governo em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.

Mais cedo, neste domingo, técnicos do ministério da Agricultura já haviam se reunido com o secretário-executivo da pasta, Eumar Novacki, para juntar as informações necessárias para o encontro de Blairo Maggi e Temer.

Como a Carne Fraca atingiu algumas das maiores empresas brasileiras do setor, o governo passou a trabalhar para reduzir os impactos da operação no mercado.

Ainda neste domingo, Temer se reunirá com o ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, e com entidades do setor atingido pela operação, entre as quais a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Segundo o Ministério da Agricultura, o objetivo de dessas reuniões é discutir medidas para enfrentar a crise da carne gerada pelas revelações da operação Carne Fraca.

Temer também receberá neste domingo, no Planalto, embaixadores de países que importam a carne brasileira.

Confederação da Agricultura

Ao chegar ao Palácio do Planalto neste domingo, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, afirmou os produtores rurais também foram vítimas das fraudes e é preciso dar satisfação ao povo brasileiro sobre as denúncias. Martins disse ainda que, se o governo for convincente nas explicações, não haverá prejuízo.

Sobre o impacto das denúncias nas exportações, o presidente da CNA afirmou que grande parte da carne brasileira é consumida no próprio país. "80% da produção de carne fica aqui dentro e a nossa população precisa ter a mesma qualidade da carne que é exportada", disse.

Entenda a operação

Deflagrada nesta sexta pela Polícia Federal, a Carne Fraca investiga fraudes em carnes produzidas por 21 frigoríficos, vendidas no Brasil e no exterior.

A operação atingiu algumas das principais empresas do setor, como a BRF, que controla a Sadia e a Perdigão, e a JBS, responsável pelas marcas Friboi e Seara. Os grupos garantem a qualidade de seus produtos.

Segundo a Polícia Federal, fiscais do Ministério da Agricultura recebiam propina para liberar licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos.

A investigação indica que eram utilizadas substâncias químicas para maquiar carne vencida, e que água era injetada nos produtos para aumentar o peso.

Até a noite deste sábado (18), a Polícia Federal havia prendido 36 pessoas. Dois suspeitos permaneciam foragidos.

Além das prisões, a Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão das contas bancárias das 46 pessoas investigadas, e o Banco Central informou o bloqueio de pouco mais R$ 2 milhões.

Já o Ministério da Agricultura anunciou que 33 servidores da pasta foram afastados em decorrência da investigação. A pasta também interditou três frigoríficos, localizados em Goiás, Santa Catarina e Paraná.

Fiscalização 'rigorosa'

Em resposta à pperação Carne Fraca, o Ministério da Agricultura classificou neste sábado as irregularidades envolvendo os servidores da pasta como "pontuais" e afirmou que o Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Brasil é um dos "mais eficientes e rigorosos do mundo".

O ministério declarou ainda que o sistema de proteção e fiscalização está funcionando "plenamente" e serve de garantia ao consumidor "da qualidade dos produtos de origem agropecuária" no Brasil.

Reação dos Estados Unidos

Ainda na sexta, após a PF deflagrar a operação, o governo dos Estados Unidos informou que está "monitorando" a situação no Brasil.

"Neste momento, o Serviço de Segurança e Inspeção de Alimentos (FSIS, na sigla em inglês) do Departamento de Agricultura (USDA) está trabalhando com funcionários do USDA no Brasil para saber mais sobre esse assunto. Também estamos em contato com o Ministério da Agricultura brasileiro e continuaremos monitorando a situação", dizia o órgão na nota.

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