Afinal, a prova contra o golpe

29/08/2016 13:42

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Romero Vieira Belo

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O comparecimento de Dilma Rousseff ao julgamento do impeachment, no Senado Federal, é de fundamental importância como prova cabal – irretorquível – de que não existe golpe no país.

A presidente afastada foi movida pelo duplo objetivo de mostrar a tenacidade de mulher que ‘não renuncia nunca’ e de tentar constranger senadores que ocuparam cargos de ministro no seu governo.

A ausência de Dilma poderia sugerir a falta de algo no processo: a presença da ré no ato do julgamento. Como pode um julgamento desses sem acusado sentado no banco dos réus? – poderiam questionar os petistas que insistem em rotular o impeachment como golpe de estado.

Impossível um golpe tão civilizado. Ninguém toma o poder em um país apenas com documentos e argumentações verbais. A história, aqui na América do Sul, na África e outras regiões de países subdesenvolvidos, está aí para mostrar que poder é tomado na bala, com tanques nas ruas e bombardeios a palácios, como o de La Moneda em Santiago do Chile.

Na sua ânsia de renascer protagonizando ‘alguma coisa’, Dilma não sabe o bem que está fazendo à democracia brasileira. Sua decisão – se bem que com outra intenção – permitirá aos historiadores escrever que o seu processo transcorreu dentro da mais completa normalidade, respeitando-se os mais comezinhos princípios do estado democrático de direito.

A prova documental dos crimes de Dilma robustece o arrazoado de sua culpabilidade – nos autos do processo. As pedaladas fiscais, os decretos sem autorização legislativa configuram irremediável crime de responsabilidade. Mas há outras provas vivas e essenciais: os 13 milhões de desempregados; a falência de empresas, a quebradeira no comércio,  o reingresso de milhões de brasileiros no universo da miséria extrema, enfim, a derrocada econômica que fez o Brasil retroceder vinte anos. Esse, em síntese, o preço que a sociedade brasileira está pagando pelos descalabros que Dilma cometeu para viabilizar sua reeleição.

 

DOIS TURNOS

São grandes as chances de haver segundo turno em Maceió. É o que ocorre quando três forças disputam o pleito. E acontece que, largando com 11% no Ibope, o deputado JHC tem de ser visto como terceira força.

 

HORÁRIO ELEITORAL

O horário eleitoral gratuito, no rádio e televisão, só atingirá um bom nível de audiência após o julgamento do impeachment. A eleição deste ano terá o menor Guia Eleitoral da história, com duração de apenas 35 dias.

 

O CUSTO DA OLIMPÍADA E DAS MEDALHAS

O custo final da Olimpíada do Rio de Janeiro foi de R$ 38 bilhões – dos quais cerca de R$ 10 bilhões saídos dos cofres públicos, e o resto de estatais e iniciativa privada. O otimista dirá que valeu a pena. Já os críticos dirão que, em face desse montante, cada uma das 19 medalhas nacionais custou algo em torno de R$ 2 bilhões. As de bronze, inclusive.

 

LARGOU BEM

Até o momento, Rui Palmeira é o candidato que mais aparece em adesivos de automóveis, principalmente ao lado de Kelmann Vieira, presidente da Câmara Municipal e, como o prefeito, postulante à reeleição.

 

FRASE QUE ECOA

Como não há (mais, a essa altura) meios de impedir a candidatura de Cícero Almeida no terreno judicial, a frase do governador Renan Filho tem tudo a ver: “Para derrotar o Cícero é preciso ter voto, muito voto”.

 

JÉFERSON MORAIS FORA DO PROCESSO ELEITORAL

A ausência do jornalista e apresentador de TV, Jéferson Morais, como candidato no processo eleitoral deste ano mostra que o rádio e a televisão já não garantem mandato eletivo a seus profissionais. Também de fora, nomes que já protagonizaram campanhas eleitorais em Maceió, como Oscar de Melo (ex-vereador), Gernan Lopes e Batista Filho.

 

VISÃO DA HISTÓRIA

Definitivamente, Rodrigo Janot não entrará para os anais da história (se entrar) como isento chefe do Ministério Público Federal, mas, certamente, como o mais polêmico e controverso procurador-geral da República.

 

TCHAU, LULA

Após o impeachment, o Congresso Nacional deverá agilizar a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que proíbe a reeleição de ex-presidentes da República, a exemplo de Luiz Inácio da Silva.

 

APENAS UMA INDAGAÇÃO

Tudo bem, o vazamento é crime, delito previsto em lei. Mas, por que uma inconfidência – como a que expôs o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal – tem de ser vista como mais importante do que o fato que ensejou a citação da autoridade com prerrogativa de foro?

 

INTRIGA DA OPOSIÇÃO

Não deve ser levada a sério a boataria dando conta de que Michel Temer pretende cortar direitos com a reforma trabalhista. O presidente já disse e reiterou que nenhum direito do trabalhador será abolido.

 

GRANDE PERDA

A votação da PE C que reduz o número de partidos foi empurrada ‘para o futuro’. Os nanicos choram e rangem os dentes. O que dói não é perder o comando dos partidecos, mas o fundo partidário que eles asseguram...

 

GENETON, UM DOS GRANDES

Geneton Moraes Neto, um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro contemporâneo, falecido no meio da semana, começou sua carreira no velho Diário de Pernambuco. Fomos colegas de redação numa época em que fazer jornal era, antes de tudo, um exercício de afirmação profissional.

 

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