Sobrecarga: excesso de trabalho pode provocar Síndrome de Burnout

Profissionais da área da saúde estão entre os trabalhadores que correm maior risco de desenvolver o transtorno

01/05/2016 10:14

A- A+

Agência Alagoas

compartilhar:

Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional ou estresse laboral.

De acordo com a psicóloga do Hospital Geral do Estado (HGE) Carmem Lúcia Marques, o estresse contínuo causado pelo trabalho pode ocasionar a síndrome, que se caracteriza por um estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.

“Os profissionais das áreas educacional e de saúde estão entre os trabalhadores que correm risco maior de desenvolver o transtorno. Os trabalhos com altos níveis de estresse, desgaste ou sobrecarga no trabalho, podem ser mais propensos a causar Burnout do que trabalhadores em níveis normais, com menor índice de estresse ou esforço”, ressaltou a médica.

A psicóloga, especialista em estresse pós-traumático, explicou que o sintoma principal da síndrome é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausência no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças de humor, irritabilidade e isolamento social.

“São três as dimensões de Burnout, a baixa realização profissional, a despersonalização que nada mais é que o mecanismo de defesa onde o profissional procura se distanciar da dor do outro, e a exaustão física e emocional. É muito comum em profissionais que laboram com prazos curtos, com pressão, com responsabilidades. O profissional vive um esgotamento que ocorre por causa de grandes esforços realizados no trabalho que fazem com que fique mais desinteressado, desmotivado e frustrado”, contou a especialista.

A servidora de uma unidade hospitalar J.K.B., de 39 anos, contou que já viveu situações difíceis no ambiente profissional. “Eu sentia muita ansiedade, dificuldade de me concentrar na minha atividade, o humor variava constantemente. Tinha dias que eu até me sentia bem, mas outros eram terríveis. Perdi toda a motivação no que eu fazia no hospital. Comecei a me isolar dos colegas. Foi bem difícil!”, relatou.

Segundo Carmem Lúcia, casos como o J.K.B acontecem diariamente. “A pessoa alegre, sociável passa a apresentar um comportamento de isolamento e reclusão. Claro que nem todos que apresentam esses sintomas têm a síndrome. É preciso um diagnóstico diferenciado, realizado por um profissional qualificado da área de psicologia clínica”.

Ela explicou que a síndrome pode ser prevenida quando os agentes estressores no trabalho são identificados, modificados ou readaptados. A atividade física regular e os exercícios de relaxamento são classificados como pontos importantes para prevenir e tratar a doença. O tratamento inclui o uso de antidepressivos, em alguns casos, sempre acompanhados de psicoterapia.

“Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenção. Não devemos usar a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar de momentos de descontração e lazer”, completou a especialista.

Primeira Edição © 2011