A genética do PT

27/11/2015 16:20

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Romero Vieira Belo

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Não existe democracia sem alternância no poder. Os líderes do PT, começando por Lula, deveriam saber disso. E talvez saibam, mas o ignoram, pois seu objetivo não é a preservação da democracia, mas a manutenção do poder. Nos Estados Unidos, maior democracia do mundo, os dois partidos dominantes – Democrata e Republicano – se alternam na Casa Branca. O Brasil deveria seguir o exemplo (sem se americanizar, claro), mas a obsessão petista pelo poder deu novo rumo ao país. Oito anos com Lula bastariam, mas, na base do vale-tudo, o PT emplacou Dilma uma, duas vezes. Dezesseis anos no poder – mesmo partido, as mesmas caras, os mesmos erros. É mole?

Não, não é mole, mas não é tudo, ainda. O projeto original do PT era ficar cinco décadas no poder central. As reações atuais contra o impeachment não têm nada com legalidade, nem com ordem democrática. A luta dos petistas visa tão-somente assegurar a ‘travessia’ para a volta de Lula. Para os brasileiros que não pensam, nem raciocinam, Lula virou um deus – e para essa gente não importa se um deus sem ética, movido por ambição incurável.

Se a obsessão não cegasse, os petistas teriam abdicado do segundo mandato de Dilma. Abririam mão do governo, dos cargos, do tráfico de influência – por quatro anos. Seria uma ‘manobra’ tática. Uma estratégia. O hiato serviria para mostrar que, com a bomba-relógio deixada por Dilma, a oposição era só incompetência Logo seria responsabilizada pelo caos econômico e social. A bancarrota que o Brasil está vivendo.

Mas o projeto era, sempre foi, de dominação absoluta. Lula inspirou-se no modelo ditatorial bolivariano de Hugo Chávez e Evo Morales. Portanto, com o país aparelhado, não tinha por que alternar, a não ser com alguém do grupo, como Dilma. Mais quatro anos, e o poder seria devolvido ao boss. Deu no que deu. Lula roteirizou seu retorno, previu tudo, menos a tragédia em que se transformaria o primeiro mandato da companheira Dilma.

 

Primeira Edição © 2011