Portugal vai às urnas depois de 4 anos de austeridade

04/10/2015 08:27

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AFP

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Os portugueses vão às urnas neste domingo depois de passarem por quatro anos de um draconiano regime de austeridade econômica, em eleições legislativas que, segundo as pesquisas, devem dar a vitória a atual coalizão de centro-direita no poder, liderada pelo premiê Pedro Passos Coelho.

As seções eleitorais fecharão às 19H00 local (15H00 de Brasília) e as primeiras estimativas devem sair uma hora depois. 

As pesquisas indicam que os eleitores estão dispostos a conceder novamente sua confiança à atual aliança de governo, que tirou o país de um abismo financeiro com um plano rigoroso, mesmo que não consiga a maioria absoluta.

Segundo as pesquisas, a coalizão de centro-direita no poder desde 2011 obterá 37,5% dos votos contra 32,5% para o Partido Socialista, dirigido por Antonio Costa, ex-prefeito de Lisboa.

A crise grega, que os portugueses acompanham atentamente, também poderão pesar a favor da coalizão de direita, que não deixou de comparar os socialistas portugueses ao partido grego de esquerda radical, o Syriza, que fracassou em seus objetivos de não ceder aos credores.

"Estou muito tranquilo, esperando o veredicto do povo", declarou Passos Coelho depois de votar em Massama, periferia da capital.

Mais de 9,6 milhões de portugueses estão habilitados a votar. 

Ms nenhum dos lados parece em condições de reunir a maioria absoluta de 116 deputados em 230. Isso significa que, mesmo em caso de vitória, Passos Coelho pode se ver impossibilitado de formar um governo, se os socialistas escolherem uma frente comum com a esquerda antiliberal - entre 16% e 18% dos votos.

Os conservadores temem que o PS impeça um governo minoritário de direita, aliando-se com o Partido Comunista e com o Bloco de Esquerda, partido irmão do grego Syriza.

Eleito em junho de 2011, Passos Coelho afirma que tirou Portugal de uma das piores crises de sua história.

Ao chegar ao poder, Passos Coelho encontrou Portugal à beira do "default" e seu antecessor, o socialista José Socrates, acabara de pedir uma ajuda de 78 bilhões de euros à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Passos Coelho aplicou uma política de austeridade sem precedentes, que combinou elevação de impostos, redução de salários e do gasto público e privatizações.

Em 2014, a economia portuguesa voltou a crescer, após três anos de recessão, e em julho de 2015 o desemprego era de 12%, contra 17,5% no início de 2013.

Mas um português a cada cinco vive abaixo da linha da pobreza, com renda anual inferior a 5 mil euros.

Para Passos Coelho, uma vitória dos socialistas seria "uma volta às velhas políticas demagógicas que levaram o país à falência".

Já Costa acusa Passos Coelho de exceder as exigências da UE, do Central Europeu e do FMI, aplicando um "programa de empobrecimento" da população.

Primeira Edição © 2011