A informação vai matar o capitalismo?

29/08/2015 06:23

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Exame.com

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Uma economia baseada em informação, com sua tendência a produtos de custo zero e direitos fracos de propriedade, não pode ser uma economia capitalista”.

Esta é a tese do livro "Pós-Capitalismo: Um Guia Para Nosso Futuro", do britânico Paul Mason, ex-Newsnight da BBC e atual editor de Economia do Channel 4.

Ele está falando do surgimento, pela primeira vez na história, de uma economia baseada na abundância e não mais na escassez.

 
 

Pense assim: a única coisa que separa você de todo o repertório da música gravada na história da humanidade é uma regra de direito autoral. E mais: seu acesso a este benefício não muda em nada o acesso de todas as outras pessoas do planeta.

Decorre que a única forma de defender a posse é excluindo o acesso. O monopólio passa a ser a única forma com que uma indústria se sustenta e o principal mecanismo de defesa do capitalismo.

Mason brinca que a declaração de missão da Apple deveria ser: "nós existimos para prevenir a abundância da música”. A disputa do Gooogle com os órgãos de regulação na Europa é só a ponta desse iceberg.

A questão principal é que isso começa a corroer alguns princípios básicos da economia clássica: de que a competição e informação são perfeitas e que monopólios e patentes são sempre temporários. Oferta e demanda perdem o sentido, pois pressupõe a escassez. 

Ideias parecidas aparecem no recente “Sociedade com Custo Zero”, de Jeremy Rifkin. Estes autores estão indo além do famoso slogan hacker “A informação quer ser livre”. A ideia é que ela deve ser livre porque gera mais valor para todo mundo quando, efetivamente, é. 

Trabalho

Além do mais, o conteúdo intangível dos produtos (a informação utilizada na sua criação) está ficando mais central do que os fatores de produção clássicos (insumos, trabalho e capital) - e nem as empresas nem o PIB sabem como medir isso.

E esta não é a única quebra com o passado: “com a informação, parte do produto permanece com o trabalhador de uma forma que não acontecia na era industrial”.

O debate econômico atual pergunta se a automatização mata mais empregos do que cria - e há quem diga que sim e que não.

Primeira Edição © 2011