Presidente licenciado da Eletronuclear recebeu R$ 4,5 milhões em propina, diz PF

28/07/2015 11:36

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iG São Paulo

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Em coletiva na manhã desta terça-feira (28), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal encontraram indícios de propina pagos para dirigentes da Eletronuclear.

Os pagamentos foram feitos pelo consórcio de empreiteiras Angramon e pela Engevix, que têm contratos com a Eletrobras nas obras de Angra 3.

O presidente licenciado da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e o executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra foram presos no Rio de Janeiro na 16ª fase da Operação Lava Jato. Eles serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o consórcio formado pela empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão repassava recursos para empresas intermediárias, que repassavam a propina para Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Othon Luiz Pinheiro teria recebido R$ 4,5 milhões em propina, afirmou o procurador federal Athayde Ribeiro Costa. Ainda segundo o procurador federal, Flávio David Barra seria o representante da Andrade Gutierrez responsável por discutir valores a respeito da propina de Angra 3.

 

“Há indícios de pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez em contratos desde 2009 para uma empresa de propriedade de Othon Luiz. Os elementos indicam que Othon Luiz recebeu R$ 4,5 milhões”, disse. “A corrupção no Brasil é endêmica e está espalhada por vários órgãos, em metástase”, acrescentou o procurador, comparando a corrupção ao momento em que o câncer se espalha por vários órgãos do corpo.

O presidente licenciado da Eletronuclear foi preso em casa na manhã desta quarta-feira (28) pela Polícia Federal, segundo a assessoria de imprensa da estatal, que é subsidiária da Eletrobras.

Ele se afastou do cargo em 29 de abril, após ser citado na Lava Jato por possíveis irregularidades em contratos para a construção da usina nuclear Angra 3. Desde então, o diretor de operação da empresa, Pedro Figueiredo, assumiu interinamente a presidência.

A Polícia Federal esteve na sede da empresa, no Rio de Janeiro, cumprindo mandados de busca e operação. A Eletronuclear afirmou que vai se pronunciar por meio de nota.

Cerca de 180 Policiais Federais cumprem 30 mandados judiciais desde o início da manhã, como parte da 16ª fase da Operação Lava Jato, chamada Radioatividade. São 23 mandados de busca e apreensão, dois de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. As ações ocorrem em Brasília, no Rio de Janeiro, em Niterói, São Paulo e Barueri.

Por meio de nota, a Andrade Gutierrez informou que está acompanhando a 16ª fase da operação e destacou “que sempre esteve à disposição da Justiça”. Os advogados da empresa estão analisando a ação da PF para se pronunciar.

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