Temer diz que Dilma está ‘tranquila’ e conta com o apoio do Congresso

06/07/2015 12:25

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Catarina Alencastro - O Globo

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O vice-presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira, (6), que é preciso evitar que uma crise institucional se instale no governo. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff está tranquila com o avanço do movimento dentro do Congresso Nacional em torno da possibilidade de ela deixar a Presidência. E sobre a participação da oposição nesse movimento, Temer disse que partidos como o PSDB estão no seu papel de criticar o governo e assim ajudá-lo a governar, mas admitiu ver essa "pregação" sobre a queda de Dilma com preocupação.

— A presidente está inteiramente tranquila. Todos nós achamos que é algo impensável para o momento atual (a saída da Presidência). Eu vejo essa pregação com muita preocupação. Nós não podemos ter a essa altura, em que o país tem grande repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por diversos setores. A crise é usada muito genericamente quando você pode ter uma crise econômica, uma crise política. O que não se quer é uma crise institucional. Levar-se adiante uma ideia de impedimento da presidente da República poderia revelar uma crise institucional, que é indesejável para o país — disse.

Temer afirmou que o governo continua contando com o apoio do Congresso e que prova disso é que conseguiu aprovar as matérias de ajuste fiscal que enviou para o Legislativo. Ele citou que houve derrotas pontuais, como a aprovação em primeiro turno da redução da maioridade penal e do aumento dos salários para o Judiciário, mas destacou que essas pautas não são originárias do Executivo, e sim da sociedade.

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PARA VICE, OPOSIÇÃO FAZ O SEU PAPEL

O vice voltou a negar que haja sabotagem na sua função e minimizou as declarações de expoentes do PSDB que na convenção do partido, no domingo, (5), apostaram na saída precoce de Dilma da Presidência e disseram estar prontos para assumir o poder. Temer afirmou que espera que essa expectativa só se consuma daqui a três anos e meio, nas próximas eleições presidenciais.

— Esse breve todos nós esperamos que seja daqui a três anos e meio — afirmou, para completar em seguida:

— O PSDB está fazendo seu papel. Acha que terá suas razões, a oposição existe para ajudar a governar. Eu não quero dizer que ele não tenha, por conta própria suas razões. Que são contestadas por aqueles que estão no governo. Nós achamos que devemos evitar qualquer espécie de crise institucional.

Temer negou que os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estejam incitando conversas para que haja o impeachment de Dilma. E disse desconhecer que setores do seu partido tenham dialogado com o PSDB para buscar saídas para um momento pós-afastamento de Dilma do poder.

— Eu não tenho a menor notícia disso. Pode ter conversas isoladas _ disse.

Temer concedeu a entrevista coletiva a pedido de Dilma, com quem esteve reunido para a semanal reunião de coordenação política. Junto com ele, foram escalados a falar os ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e o líder do governo, Delcídio Amaral (PT-MS). Os três ficaram calados ao longo de toda a entrevista e só pediram a palavra ao final, quando pegaram no microfone para fazer um desagravo a Temer e elogiar sua atuação na articulação política do governo.


 

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