Nem prisão de Lula, nem impeachment de Dilma

06/07/2015 06:33

A- A+

Redação

compartilhar:

 

A semana passada começou com uma notícia provocando apreensão: um habeas corpus preventivo fora impetrado para impedir a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De pronto, o Instituto Lula, acusado de ter recebido dinheiro surrupiado da Petrobras, negou a autoria do remédio jurídico.

Bom, se cabe ou não um salvo-conduto para evitar a prisão de Lula, quem deve decidir é a Justiça. Mas, politicamente, para quem torce por mudanças no Brasil, não seria nada positivo.

Como não seria interessante, igualmente, o impeachment (e a cassação) da presidente Dilma. O previsível é que nenhum sucessor consertaria o estrago que o atual governo provocou na economia brasileira. Logo, fosse quem fosse, em questão de meses (talvez semanas) estaria recebendo críticas que, por questão de ordem, deveriam ser dirigidas à companheira petista.

Previsível também: como ninguém conseguiria superar a atual desordem em breve espaço de tempo, logo soaria, de bolsões específicos da população alienada, o coro do ‘volta Lula’. Pois, o que diriam os assistidos do Bolsa Família ao constatar que, nem Dilma nem seu sucessor, resolveriam a crise? “Só Lula para pôr ordem na casa e restabelecer o crescimento econômico”.

São dois pontos conexos. O impeachment serviria para mostrar que a incapacidade ou a incompetência não seriam atributos exclusivos de Dilma, já que seu sucessor, sem vara de condão, não teria como reavivar, em questão de meses, um paciente gravemente enfermo. Isso porque não existe tacada capaz de desmanchar a sinuca de bico que Dilma e seu time desorientado conseguiram armar em quatro anos de desgoverno.

Já uma eventual prisão de Lula poderia ser a medida exatíssima para martirizá-lo, transformando-o numa vítima digna não apenas da comiseração popular, mas também de uma mobilização ruidosa em defesa do homem que lançou o Fome Zero e conseguiu tirar dinheiro produzido com o suor da classe média para distribuir com os milhões de brasileiros que o seu governo – e menos ainda o da companheira Dilma – conseguiu empregar.

Não, é importante manter Lula solto, defendendo Dilma, ensinando Dilma a fazer o que o seu próprio governo não fez. Deixa Lula solto defendendo uma nova utopia para o PT. E deixa Dilma no poder, sangrando, desintegrando, até 2018... Os dois, juntos, se fitando, grogues, enfrentando a ira incontida da nação.

Primeira Edição © 2011