Fenômeno entre jovens, John Green descarta escrever livros para adultos

01/07/2015 11:09

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UOL ENTRETENIMENTO

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Quem se acabou de chorar com "A Culpa É das Estrelas" pode guardar os lencinhos: "Cidades de Papel", outro best seller que ganha vida no cinema no próximo dia 9, aposta em temas mais amenos e coloca a amizade em primeiro lugar.

"Na nossa cultura, valorizamos tanto o amor romântico, que perdemos de vista, quanto o amor na amizade. É importante notar isso", observa Green, que também é produtor executivo do longa, durante entrevista coletiva ao lado do ator Nat Wolff no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (1). "Como é uma história menos triste, estar no set foi mais agradável", brinca.

Apesar de sentir mais jovem do que realmente é ("é como se eu tivesse 27"), e de saber que seus leitores também estão envelhecendo, o escritor descarta passar a escrever livros mais adultos. Para ele, é atraente capturar o que chama de tensão entre dois mundos.

"Gosto de fazer parte dessa comunidade. Não preciso ter 16 anos para gostar desses livros. Mas quando tive filho (Henry, 5), percebi que os adultos também são interessantes. Em 'Cidades de Papel', os pais quase não aparecem, o foco é os jovens. Mas hoje tenho simpatia maior pelos pais, vejo quando um adolescente não está sendo justo com eles", diz o americano, que nunca imaginou que seus livros fossem traduzidos para o português. "Eles são mais bem-sucedidos aqui que em outros países. Até por isso vim ao Brasil, para agradecer", afirma o escritor de 37 anos.

Terra da Disney

Na trama, Quentin (Nat Wolff) parte numa jornada com os amigos Ben (Austin Abrams) e Radar (Justice Smith) em busca da enigmática Margo (Cara Delevingne), sua vizinha e paixão desde a infância, que some da noite para o dia deixando para trás algumas pistas. A viagem, no entanto, serve para estreitar ainda mais os laços do trio.

Para Wolff, encarnar Q, protagonista de seu livro favorito do autor, foi uma experiência mágica, inclusive por permitir que ele revivesse essa fase da adolescência. "Eu me senti como se tivesse entrado numa máquina do tempo. Na época do ensino médio, também tinha dois melhores amigos, também era um adolescente romântico. Foi um ótimo lugar para se estar durante dois meses", recorda ele, que tem 20 anos.

Durante a entrevista, Wolff e Green demonstraram bastante cumplicidade, fruto da intensa convivência durante as filmagens, que o autor descreve como algo parecido com um acampamento. "Em todos os filmes, os atores dizem que se tornaram uma família. Em 99% dos casos eles estão mentindo. Mas ficamos muito próximos mesmo. Tanto que o Justice Smith, que faz o Radar, foi morar comigo quando se mudou para Nova York", contou o ator, que mantém um grupo no WhatsApp com os colegas.

O conceito de cidades de papel - um recurso utilizado por cartógrafos que marcam cidades inexistentes para evitar cópias indevidas - ganha novo significado na história quando Margo se refere a Orlando como um lugar falso. A vontade de usar a ideia no livro surgiu durante uma viagem de carro com uma ex-namorada, mas a percepção do lugar onde passou boa parte de sua vida vem de muito antes.

"É um lugar estranho, cheio de parques temáticos. As pessoas visitam a Disney e voltam para suas casas, mas aquilo era minha vida. Imagina você ir lá 30 vezes a cada verão durante 15 anos. Eu odeio a Disney! Agora eu até gosto de lá. Mas ainda bem que a Disney não fez o filme porque ia ser esquisito (risos)", disse.

Primeira Edição © 2011