A retirada de famílias de situações que envolvem exposição à extrema vulnerabilidade é um trabalho cotidiano desenvolvido pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), que tem como foco a promoção dos direitos e da autonomia dos cidadãos. Parte das crianças e dos adolescentes retirados da rua, por exemplo, acabam sendo direcionados ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) da Semas.

O Serviço de Convivência oferece, para crianças e adolescentes, atividades socioeducativas e de incentivo à cultura e ao esporte, que são colocadas à disposição dos usuários no horário inverso ao da escola, para proporcionar qualidade de vida e evitar ao máximo a reincidência ou a exposição dos mesmos às situações vulneráveis, encontradas fora desses ambientes. Parte do público que chega aos Centros do Serviço de Convivência são meninos e meninas, com faixa etária entre 6 e 17 anos de idade, que aceitam sair da situação de mendicância nos sinais de trânsito de Maceió.

No Centro de Convivência Caic/Ufal, que está localizado no Tabuleiro do Martins, um trabalho de reflexão, feito em conjunto com as 130 crianças e adolescentes que são atendidos pela unidade, vem fazendo a diferença e auxiliando a todos na descoberta de soluções para algumas situações que, para eles, pareciam irreversíveis.

A professora de teatro do Centro de Convivência Caic/Ufal, Maria dos Santos, explica que por meio das aulas – que acontecem três vezes na semana – são expostas as cenas de violação e os demais episódios relacionados aos crimes de violação dos Direitos Humanos que já foram presenciados ou somente fazem parte do conhecimento dos jovens. O objetivo é trabalhar a capacidade dos usuários de perceber, denunciar ou agir de forma que venha a causar a reversão da situação, causando resultados positivos.

“Há um ano a gente começou a trabalhar essa questão de expor e conversar sobre as situações difíceis, enfrentadas pelos alunos. No começo, a gente não sabia como eles poderiam reagir, já que a gente ia tratar de situações delicadas. Mas quando eles perceberam que podiam contar o Centro de Convivência para ajudar a reverter esses quadros negativos, não somente ajudaram, como também levaram às ações repassadas para dentro de casa. Isso não tem preço”, conta Maria dos Santos.

A pequena Vanessa Almeida, de 11 anos de idade, foi uma das que conseguiu, através das lições repassadas no núcleo da Semas, mobilizar a família e mudar a realidade difícil, marcada pela desigualdade social. “Quando eu cheguei, tinha vergonha de falar com todo mundo. Nunca imaginei que um dia eu ia me apresentar para um monte de gente”, contou.
 

Vanessa fez parte do espetáculo teatral “Bonequinhas de Lata”. Desenvolvida nas aulas do Serviço de Convivência, a peça foi apresentada, no ano passado, no 18º Festival  Estudantil de Teatro (Feta), promovido pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Alagoas (Sated-AL). A narração contava a história de duas crianças que sofriam as consequências da exposição às mais variadas formas de violência, vividas dentro e fora de casa.

Por meio de cenas, baseadas em situações reais que foram relatadas dentro do Centro de Convivência, as crianças mostravam como as vítimas da desigualdade podem vencer esses problemas, caso sejam incluídas nas atividades dos sete unidades do Serviço de Convivência de Maceió.

No mês em que se comemorou o Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o grupo formado pelas 15 crianças que atuam no teatro do Centro de Convivência Caic/Ufal participaram de inserções teatrais nos sinais de trânsito, comunidades e demais unidades da Semas.

O Serviço de Convivência também comporta atividades específicas direcionadas a todos os tipos de públicos, como idosos, mulheres e demais cidadãos. Para saber mais, basta se dirigir a qualquer unidade do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) ou ligar para o 3315-6123.