Renan: com medidas contra trabalhador, Dilma não discursa

28/04/2015 11:58

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O Globo

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Após se reunir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nesta terça-feira, (28), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que a presidente Dilma Rousseff continuará sendo impedida de discursar no dia 1º de maio, se defender medidas que desqualificam o trabalhador e desorganizam a economia. Na segunda-feira, (27), a presidente decidiu que não fará pronunciamento de rádio e TV na próxima sexta-feira, (1º). 

Renan citou como exemplo o que chamou de precarização das relações de trabalho, com a terceirização das atividades fim.

— O que não tem sentido, absolutamente nenhum sentido, é no momento em que o Estado aumenta impostos e a taxa de juros, as empresas e o sistema financeiro acharem que vão resolver o problema da produtividade transferindo para o trabalhador. Se isso acontecer, a presidente [Dilma] vai continuar não podendo falar no dia 1º de maio — afirmou Renan.

Segundo ele, é importante regulamentar a terceirização, criar segurança jurídica e tirar milhões de trabalhadores e empresários de uma zona cinzenta. No entanto, não se pode fazer isso terceirizando a atividade fim, conforme foi aprovado na semana passada, na Câmara dos Deputados — o que acabou gerando um bate-boca entre Renan e o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

— A terceirização da atividade fim precisa ter um limite. Não pode liberar geral. Isso precariza as relações de trabalho e significa um novo modelo de desenvolvimento — disse ele.

Renan afirmou que a matéria será criteriosamente analisada pelo Senado. O objetivo, acrescentou, é ampliar a segurança jurídica. A seu ver, a terceirização da atividade fim é um retrocesso.

— O Brasil não pode pagar esse preço e a presidente não pode fazer isso. Se a presidente continuar fazendo isso, vai continuar não tendo condições de falar no dia 1º de maio. Precisamos dar uma resposta ao povo brasileiro. Lembrei ao ministro Levy que o que o Congresso tem buscado é a qualidade do ajuste. Não é o quanto, mas o como. E a terceirização agrava muito mais isso — afirmou Renan, destacando que, em sua opinião, o ajuste fiscal deve ser feito no Estado, e não às custas do trabalhador.

Perguntado sobre a ameaça de Cunha de retaliação em outras votações, Renan respondeu:

— Não vou rebaixar a discussão entre Câmara e Senado a esse patamar.

 

Primeira Edição © 2011