Deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito, (CPI), Violência Contra Jovens Negros e Pobres, da Câmara Federal, estarão em Maceió no próximo dia 18, onde vão promover uma sessão pública sobre os altos índices de homicídios no Estado.

Os parlamentares irão ouvir a domestica Maria José da Silva, 57, mãe do jovem Davi da Silva, 17, sequestrado por policiais militares do Batalhão de Radiopatrulha, (RP), na manhã de 25 de agosto do ano passado, em uma das ruas do Conjunto Cidade Sorriso, no Complexo Benedito Bentes, parte alta de Maceió. Davi está desaparecido desde aquele dia e conforme conclusão da Polícia Civil, (PC), através de investigações de equipes da Delegacia de Homicídios, (DH), o jovem desempregado foi assassinado e teve o corpo ocultado.

Diante do que foi conseguido nas investigações, que foram iniciadas pela delegada Luci Mônica e seguidas por uma comissão de delegados da DH, formada pelos delegados José Carlos André, Lucimério Campos, Antonio Edson e Antonio Henrique,, os militares envolvidos no caso, Eudecir Gomes de Lima, Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, Victor Rafael Martins da Silva e Nayara Silva de Andrade foram indiciados pelos crimes de tortura, sequestro e cárcere privado, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Os policiais, que negam envolvimento no desaparecimento do garoto, também serão ouvidos pela CPI. Todos os militares estão trabalhando normalmente.

Davi havia sido flagrado pelos militares, que faziam rondas no local, e após constatar que o jovem estava com um cigarro de maconha, na presença de populares, iniciaram uma sessão de constrangimento.

Com o passar dos minutos, conforme relatos de testemunhas, os militares teriam se irritado com o garoto por ele ser gago, sendo decidido que o levariam para a Central de Flagrantes, localizada no bairro do Farol, para que fosse autuado. Davi teria sido colocado no xadrez da viatura, mas nunca chegou a Delegacia. 

A CPI também quer explicações do prefeito Rui Palmeira, (PSDB), do porque ainda não foi feita a Praça da Juventude, que deveria ser construída no Conjunto Benedito Bentes. A obra recebeu do Ministério dos Esportes cerca de R$ 1,8 milhão com contrapartida do município de R$ 37 mil.

Mais do que um espaço físico para a prática de esportes, a Praça da Juventude, conforme projeto original, deveria ser uma área de convivência comunitária, para a realização de atividades culturais, de inclusão digital e de lazer para a população de todas as faixas etárias.

Criada este ano a CPI tem o papel de apurar a violência contra jovens negros e pobres brasileiros.

O deputado Reginaldo Lopes, autor do pedido de criação da CPI, ressaltou que, de 60 mil homicídios anuais no Brasil, 80% têm como vítimas jovens negros. "Precisamos dar visibilidade a esse problema no País. O que está acontecendo no Brasil é um genocídio em relação aos jovens negros", afirmou Lopes.

Segundo dados da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o homicídio é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, em sua maioria negros e moradores de periferias.