Lula, a Petrobras e o sentimento das ruas

02/03/2015 04:53

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Redação

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Lula organizou uma manifestação em defesa da Petrobras, no Rio de Janeiro, mas não surtiu nenhum efeito (salvo alguns lances de arruaça), e nem poderia. Não faz sentido defender algo que não está sendo atacado. A menos que a mobilização tivesse como alvo a turma que dilapidou a empresa, o bloco da operação Lava-Jato.

Lula foi às ruas por impaciência. Convertido em animal político instintivo, Luiz Inácio anda apreensivo com o clima de rejeição ao PT que toma conta do País e deve assumir proporções grandiosas nas manifestações convocadas para o próximo dia 15.

Ao contrário dos ex-presidentes norte-americanos, que deixam o poder e ficam quietos ou se dedicam a proferir palestras remuneradas, e do próprio Fernando Henrique Cardoso, que passa o tempo escrevendo e dando entrevistas, Lula sonha com sua volta ao poder central. Sonha como um obcecado. Ideia fixa. Lula quer porque quer voltar à presidência, com certeza achando que, se uma Dilma assumiu dois mandatos, ele pode conquistar quatro...

A questão é o clima adverso provocado pelo choque entre a realidade pós-eleição e o discurso pré-eleitoral. O tempo passa rápido e nada soa positivo para o governo. Como a Petrobras é o combustível incessante do noticiário negativo para Dilma e para o PT, Lula enxerga na crise da estatal uma flâmula de luta. Daí sua decisão de liderar um ato público para defendê-la. A intenção é exibir um Lula patriota, um guerreiro cívico lutando, já na velhice, em defesa de uma empresa emblemática. Por aí Lula tenta sentir de perto a atmosfera nas ruas para então avaliar o que pode esperar para os próximos meses. Mas é complicado. Horizonte turvo.

A não ser entre petistas e aliados, defender a Petrobras, neste momento, sem se insurgir contra os arautos da rapinagem que a dilapidou, soa anedótico. Para ser compreendido, Lula teria de bradar contra os companheiros que secaram os cofres da estatal.

 

SINAL DOS TEMPOS

No programa partidário levado ao ar na noite de 5ª feira (26) em rede nacional de TV, o PMDB fez questão de não citar a presidente Dilma, nem de mencionar nada sobre o governo federal.

 

UM SÓ CORPO

Mulheres de deputados (e maridos de deputadas) terão direito à passagem aérea da Câmara por um preceito religioso: quando os casa, o padre decreta “Agora, são um só espírito e uma só carne”.

 

O ALVO NÃO FOI MANTEGA, O ALVO É O PT

O episódio com Guido Mantega, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, dá a medida do clima anti-PT no País. Após visitar um amigo, o ex-ministro da Fazendo foi hostilizado na lanchonete do AE:“Não tem vergonha na cara?”, indagou um dos pacientes do Einstein. “Safado”, disse outro. “Vai para o SUS”, gritou um terceiro. A direção do hospital emitiu nota lamentando o fato.

 

O ERRO DE COLLOR

Ao ameaçar levar o ‘exército petista’ para as ruas, Lula repete o erro de Collor, que convocou a juventude para apoiá-lo nas ruas do país, e acabou vendo surgir a geração dos ‘caras pintadas’.

 

PROVOCAÇÃO DE RISCO

Aliás, Lula precisa se conter ou ser contido, sob pena de começar a criar problemas para Dilma. Provocar a oposição, nesse momento, pode até parecer instigante, mas não é uma iniciativa inteligente.

 

EXEMPLO DE COMPETÊNCIA E DEDICAÇÃO NO TJ-AL

Secretário Especial da Presidência do Tribunal de Justiça, Nilo Brandão Meireles Júnior exerce papel da maior relevância na dinâmica do Poder Judiciário Alagoano. Com 18 anos de atuação na Justiça, ele se destaca aliando sua longa experiência a um alto nível de competência profissional. Determinado no que faz, Nilo Brandão também é exemplar na relação com os colegas de trabalho e na dedicação com que exerce, além do cargo especial, funções de relevo que lhes são atribuídas pelo presidente Washington Luiz.

 

GRANA DE PRECATÓRIOS

O Tribunal de Justiça retomou o pagamento de precatórios, mas a mídia se descuidou do volume de dinheiro em jogo: há R$ 200 milhões prontos para pagar dívidas trabalhistas consolidadas.

 

CACASAS A TIRACOLO

A presidente Dilma fará um giro pelo Nordeste tentando recuperar a popularidade. Para abrir caminho, fará o anúncio da terceira fase do Minha Casa, Minha Vida com três milhões de novas unidades.

 

LATENTE, MAS NEM TANTO

A violência não é um fenômeno furtivo, que pipoca hoje e desaparece amanhã. É um processo, um quadro beligerante instaurado. A sociedade não percebe isso no cotidiano porque a quase totalidade das vítimas são pessoas anônimas, que viram estatísticas. A ação da bandidagem só emerge quando alcança um personagem de nome, como o advogado Rangel Oliveira, executado em presumível assalto na Ponta Verde.

 

QUESTÃO CULTURAL

Na Indonésia, um brasileiro entrou com 13 quilos de cocaína e acabou fuzilado. Aqui, a Polícia apreendeu uma tonelada e meia do pó, e o fato foi noticiado como uma coisa normalíssima.

 

REMÉDIO INÓCUO

Na definição de um especialista, auditoria em órgão público é lance para a plateia, nunca dá em nada e custa uma fortuna. Aqui em Alagoas, auditoria já concertou alguma coisa troncha?

 

E QUEM CONTERÁ O ROLO ECONÔMICO?

Num país onde se esbanja a receita vinda dos impostos, o mais certo seria financiar campanhas eleitorais com dinheiro público. Mais um, menos um, não muda o cenário da gastança. O problema é: o financiamento público nivela a condição dos candidatos, mas quem vai impedir a derrama de grana subterrânea para eleger postulantes com contas bancárias robustas?

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