Bebê transferido da Santa Mônica morre com bactéria

Segundo Sesau, o estado de saúde do recém-nascido já era gravíssimo

24/02/2015 11:42

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Redação

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Após funcionários da Maternidade Santa Mônica, localizada no bairro do Poço, em Maceió, denunciaram a morte de três bebês que haviam sido transferidos para o Hospital Geral do Estado, (HGE), na noite da quarta-feira, (18), durante a forte chuva que atingiu a Capital, informação que foi desmentida pelo reitor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, (Uncisal), médico Paulo Medeiros, uma outra notícia – agora confirmada, deu conta que um dos recém-nascido morreu após contrair uma bactéria.

A denúncia da morte do bebê prematuro foi feita pela tia da criança, Andréia Soares, a qual afirmou que o sobrinho que estava internado na Santa Mônica teve seu quadro clinico agravado devido a demora para ser transferido durante o pane da rede elétrica do hospital.

“Meu sobrinho estava reagindo bem aos medicamentos enquanto estava internado na Santa Mônica. Naquela noite a energia caiu logo cedo, mas todos ficaram esperando que o gerador funcionasse, o que não aconteceu. Era quase meia noite quando decidiram transferir as crianças e meu sobrinho, que havia nascido prematuro, já saiu na ambulância debilitado”, disse Andréia.  

O bebê era filho da adolescente Anne Kécila Soares da Silva, 17. Na ficha de internação da jovem consta que no dia 9 de janeiro ela sofreu uma pré-eclâmpsia e foi levada pela família para a Unidade Mista Maria Vicência Lima de Lira, na cidade de Maragogi, Litoral Norte do Estado, onde reside.

Após o atendimento de emergência e devido ser uma gravidez de alto risco, Anne Kécila foi encaminhada para o Hospital Universitário em Maceió, onde deu a luz um dia após. O bebê nasceu com seis meses e foi direto para a Unidade de Terapia Intensiva, (UTI), da maternidade para ganhar peso e receber os cuidados necessários. Em 23 de janeiro, novamente em Maragogi, sob a alegação que a Unidade Mista passaria por uma manutenção, o recém-nascido foi transferido para a Santa Mônica, ainda em reforma.

Confirmando que no atestado de óbito da criança consta que a causa da morte foi à bactéria Andréia diz que a família vai procurar o Ministério Público Estadual, (MPE), para responsabilizar o Estado pela morte do sobrinho.


Em Nota a Secretaria Estadual de Saúde, (Sesau), confirmou que a morte da criança foi realmente provocada por uma bactéria, mas que o estado de saúde da criança já era gravíssimo antes mesmo dele ser transferida de Maragogi para Maceió.

Na mesma Nota a Sesau o recém-nascido, que morreu na UTI Neonatal do HGE, fez uso de antibióticos, mas teve uma piora infecciosa, vindo a falecer de sepse na noite da última segunda-feira.

Reforma

A reforma da Maternidade Santa Mônica teve inicio no ano passado e mesmo em obras, após uma determinação da Sesau, cerca de 20 recém-nascidos foram transferidos em fevereiro do Hospital Universitário para a Santa Mônica, o que revoltou integrantes do Conselho Estadual de Saúde e do Conselho Regional de Medicina, (CRM), que chamavam a atenção para o perigo das crianças morrerem acometidas por infecção hospitalar.

O problema levou o governador Renan Filho, (PMDB), fazer uma visita a Santa Mônica, onde ele afirmou que a transferência dos recém-nascidos não oferecia nenhum risco, pois tudo foi pensado por uma comissão técnica da Sesau.

Entre a noite de domingo, (15) e madrugada da segunda-feira, (16), quando Maceió foi atingida por uma forte chuva, a água se infiltrou pelas paredes e alagou a sala de descanso dos funcionários e principalmente a ala onde estavam os bebês, que foram removidos durante a noite e madrugada para outra sala na maternidade.   

Em uma Nota a Sesau informou que a conclusão da reforma geral da unidade, iniciada em março de 2014, está prevista para setembro deste ano, quando devem ser concluídos os serviços de climatização dos setores de UTI Neonatal, UCI, centro cirúrgico e UTI Materna no próximo mês de junho.

A mesma Nota reforça, ainda, que o atendimento continuará sendo feito por meio de encaminhamento do Complexo Regulador de Maceió (Cora), restrito a gestantes de alto risco.

Enquanto isso, a maternidade do Hospital Universitário, única que - em virtude do fechamento da Santa Mônica - vem prestado atendimento a gestantes de alto risco, mantém o quadro de superlotação apresentado na última semana, com todos os 12 leitos ocupados e três gestantes aguardando vagas para a realização dos partos. Já as enfermarias da maternidade que recebem parturientes (pós-parto) estão com todos os 48 leitos ocupados.

Confira na íntegra a nota da Secretaria

A Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) esclarece que a morte da recém-nascida M.A., de um mês e treze dias, ocorreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Geral do Estado (HGE), decorrente de uma infecção.

Informa que a paciente havia sido transferida da sede da Santa Mônica no último dia 19 de fevereiro, quando ocorreu a interdição da unidade e, evidencia, que o estado de saúde da vítima já era gravíssimo, segundo o boletim médico fornecido pela equipe médica que a atendeu.

Isso porque, M.A nasceu com apenas seis meses de gestação, era prematura extrema e pesava apenas com 755 gramas. Informa, ainda, que o parto foi de alto risco e ocorreu na maternidade do Hospital Universitário (HU).

Após o nascimento, a recém-nascida estava em uso de antibiótico, mas teve uma piora infecciosa, vindo a falecer de sepse na noite dessa segunda-feira (23), quando pesava 1.090 gramas.

A direção da Santa Mônica assegura que, durante todo o período em que esteve internada, a recém-nascida recebeu a assistência preconizada pelos órgão de saúde. No entanto, de acordo com a equipe médica da unidade hospitalar, os prematuros extremos têm normalmente uma baixa imunidade, pois ainda estão em formação, ficando vulneráveis a infecções.

A equipe ainda aguarda o resultado do exame bacteriológico, que demanda um tempo maior de análise, para saber qual o tipo de bactéria.

Primeira Edição © 2011