Lula: Graça Foster é "problema de Dilma"

18/12/2014 15:33

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Correio Braziliense

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O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, na manhã desta quinta-feira (18), que a saída da presidente da Petrobras Graça Foster é uma decisão que cabe à presidente Dilma Rousseff. Questionado se deveria haver troca no comando da petroleira, Lula respondeu: “Não acho. (...) Este é um problema da presidente Dilma, não meu”. O petista falou ao sair de um evento em comemoração aos 10 anos da reforma do Judiciário, no Ministério da Justiça.

Antes, ao discursar na cerimônia, ele criticou a divulgação de informações sobre as investigações de esquemas de desvios de dinheiro, sem citar nomes. “Neste momento, em que se realizam operações capazes de conduzir ao expurgo de atos ilícitos, de corruptos e corruptores, há setores que se lançam ao vazamento de inquéritos com objetivos políticos partidários”, disse. Lula defendeu a liberdade de imprensa, mas disse que isso não o impede de repudiar “a incitação ao linchamento midiático em que nada contribui para um julgamento” que se espera ser isento.

O evento no ministério teve como homenageado o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, por ter defendido e ter sido um dos responsáveis pela aprovação da Emenda Constitucional 45, que promoveu a reforma do Judiciário. O criminalista foi um dos responsáveis por instituir mudanças no sistema judiciário. “(Com as mudanças promovidas por Bastos) a sociedade nunca esteve tão amparada para combater a corrupção”, disse o ex-presidente. O petista ainda ressaltou o papel da Polícia Federal e afirmou que nos anos anteriores ao seu governo, o órgão não tinha a autonomia nem investigava como deveria.

REFORMA DO JUDICIÁRIO

Na cerimônia, Lula recebeu a medalha nacional de acesso à Justiça. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o advogado-geral da União Luiz Inácio Adams e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski também receberam a medalha. 

Ao falar da importância de Bastos, o presidente do STF afirmou que um dos desafios é dar celeridade ao julgamento de processos. Segundo ele tramitam hoje na Justiça cerca de 100 milhões de processos, sendo que há 16,5 mil juízes no país. “É quase uma missão impossível. Missão pela qual clamamos por ajuda e temos recebido.”

O ministro afirmou que o STF busca criar mecanismos para facilitar o julgamento das ações, como dar repercussão geral a determinados temas e a edição de súmulas vinculantes, que facilitam o acesso ao entendimento da Corte sobre as questões.

O presidente do STF disse anda que é preciso usar mais instrumentos de mediação e conciliação. “Trata-se de trocar a cultura no pais. Tirar a cultura do litígio pela cultura da pacificação. Mudança necessária num momento difícil que não acontece só no brasil, mas no mundo.”

José Diogo Bastos, sobrinho de Thomaz Bastos, também falou e agradeceu a homenagem em nome da família. “Por um lado, é fácil falar da pessoa dele pela simplicidade, retidão do caráter e postura coerente a vida toda. É difícil falar da vida dele de forma coerente razoável e em prol do povo brasileiro. Sempre quis um país mais justo e mais solidário para todos.”

A reforma do Judiciário promoveu a criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), estabeleceu as atribuições da Defensoria Pública. “Ela fez um poder que não deve ser distante, mas aproximado. E deve ser entendido como serviço ã sociedade, que foi o que fez a Emenda Constitucional”, disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Coelho.

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