DA ALDEIA ÀS TRILHAS DA ACADEMIA

14/12/2014 17:03

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Redação

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DA ALDEIA ÀS TRILHAS DA ACADEMIA

 

Jorge Vieira – Jornalista

 

Em Belo Horizonte/MG, no Campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC MINAS), no dia 17 de novembro, por cerca de 5 horas, fiz a defesa da Tese "PRÁTICAS IDENTITÁRIAS E RESSIGNIFICAÇÃO DO UNIVERSO IMAGINÁRIO DOS POVOS INDÍGENAS DO SERTÃO DE ALAGOAS", sob a presidência do Prof. Dr. Hugo Mari e da Comissão Examinadora, composta pelos franceses Prof. Dr. Philippe Walter (orientador) e Prof. Dr. Bernard Emery, ambos da Université Stendhal Grenoble III, Profa. Dra. Juliana Alves Assis e o suplente Prof. Dr. Luiz Carlos da PUC, Prof. Douglas Apratto (CESMAC), aprovado com o conceito "très honorable".

Tudo começou com a militância com os povos indígenas do Nordeste, inicialmente com o povo Xokó, aldeia Ilha de São Pedro, Sergipe, em 1978. De lá para o Seminário São José e PUC do Rio de Janeiro, passando pelo Instituto de Teologia do Recife (ITER) e Instituto Cajama/SP. Entre a reflexão filosófica e teológica, o aprendizado com os pobres da periferia na Baixada Fluminense, município de Nova Iguaçu, com as comunidades do Cristo Redentor e Palhada; em São Gonçalo, nas comunidades de Laranjal e Marambaia; em Recife, com os favelados do Alto da Conceição e Córrego São Domingos; em Pombos, Pernambuco, com os trabalhadores rurais de Pé de Serra.

Inquieto e alimentado pelo compromisso com os pobres, calçando sandálias havaianas, calça de saco e camiseta, aporto no povo Fulni-ô, em Águas Belas, Pernambuco. Juntando-me aos companheiros da utopia do Reino de Deus, Saulo Feitosa e Ivamilson Barbalho, formamos a equipe missionária do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Para sobreviver, enquanto a colheita da roça não chegava, dava aula de alfabetização no Método Paulo Freire para os Fulni-ô de Barretinho e agricultores da região.

De volta para Alagoas, de imediato encaro a luta pela recuperação do território do povo Xucuru-Kariri, curso jornalismo na UFAl e encontro o professor Sávio de Almeida, com quem inicio a pesquisa com o povo Karapotó de São Sebastião. Quando tudo parecia estar resolvido quanto à quantidade dos grupos indígenas, migro para o sertão de Alagoas e encontro os povos Geripankó, Kalankó, Karuazu, Katökinn e Koiupanká.

Mais uma vez rumo para uma nova missão no Mato Grosso do Sul, onde trabalho com os povos Guarany e Terena. No pantanal, junto o indigenismo à pesquisa científica, no Mestrado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), com a defesa do tema “Desenvolvimento Local na Perspectiva do Povo Terena de Cachoeirinha, município de Miranda/MS”.

Em mais um retorno à terra natal, além de missionário do CIMI entro na academia como professor do Curso de Comunicação Social do CESMAC, e, logo depois, passo a ministrar aula no curso de Direito, além de desenvolver projetos de extensão e de iniciação científica. Com isso, o CESMAC torna-se a primeira instituição de Ensino Superior em Alagoas a realizar projeto de extensão em áreas indígenas, seguido de projetos de iniciação científica. São dez anos de dedicação acadêmica no CESMAC, articulando militância indigenista, conhecimento científico e pesquisa de campo.

Ao encerrar o doutoramento, dedico ao Centro Universitário CESMAC, através do Magnífico Reitor Dr. João Sampaio e vice-reitor Prof. Dr. Douglas Apratto, pelo incomensurável apoio institucional, dedico o título de Doutor alcançado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC MINAS) e pela Université Stendhal Grenoble II, França.

Primeira Edição © 2011