Serial killer fica isolado e “trava” ao falar com mulher

Homem teria assassinado 16 moças de 13 a 29 anos, entre janeiro e agosto deste ano a tiros e de maneira aleatória

21/10/2014 13:09

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Terra

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Preso há uma semana, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, que confessou ter assassinado 39 pessoas em Goiânia, passa os dias recolhido em uma cela, sozinho, isolado de outros presos. A precaução, segundo o delegado Norton Luiz Ferreira, da assessoria de comunicação da Polícia Civil de Goiás, é proteger a integridade física de outros detentos do violento suposto serial killer. “Presos com o perfil dele, que apresenta não ser um cara normal, têm que ficar sozinhos. Porque pode ser que ali ele pegue uma pessoa dormindo e a mate. Ele é forte”, disse o delegado.
 
Inicialmente alocado em uma cela da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), o suspeito foi transferido ontem para a Delegacia de Homicídios. Tiago ainda não foi levado para o presídio por uma questão de logística e praticidade. Os delegados responsáveis pelos inquéritos dos crimes atribuídos a ele tem necessidade de interrogá-lo todos os dias, o que seria dificultado pelo deslocamento constante entre delegacia e presídio. “É para evitar deslocá-lo a todo momento. O presídio fica em Aparecida de Goiânia (cidade vizinha da capital)”, explica o delegado Norton.  Tiago deve ser transferido para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida quando as oitivas terminarem. O suspeito vai passar nos próximos dias por exames psiquiátricos para confecção de um laudo para determinar sua real condição mental.
 
O comportamento de Tiago tem chamado a atenção dos policiais que convivem com ele, por causa de contrastes e estranhezas apresentadas. “Ele tem uma inteligência acima da média. Mas oscila o comportamento. Às vezes exalta, às vezes está de mau humor, às vezes não está. Fala de forma bem pausada com a gente. Ele é inconstante”, define o delegado Norton Ferreira. Segundo o policial, confirmando informação já divulgada por outros agentes e delegados que tem estado próximos a Tiago nos últimos dias, o suspeito mostra incômodo na presença ou ao ter que falar com mulheres. “Está sendo evitado as escrivãs  ouvirem ele, no caso, ao acompanharem os delegados. As delegadas geralmente estão falando diretamente com ele, porque explicam que precisam ouvi-lo. Aí ele fala. Com as escrivãs ele às vezes trava. Ele muda  a fisionomia dele, aí trava”, explicou.
 
Dentre os assassinatos cuja autoria de Tiago já teria sido confirmada, estão 16 moças de 13 a 29 anos, mortas entre janeiro e agosto deste ano a tiros, e de maneira aleatória – como todas as supostas vítimas do suspeito – em diversas regiões da cidade de Goiânia. Além destas mulheres, Tiago também já teria matado oito moradores de rua. Quinze outros crimes, que incluem também vítimas do sexo masculino, ainda estariam tendo os detalhes apurados pela polícia.  De acordo com as investigações, o assassino estaria agindo desde 2011.
 
Tiago Henrique estava em contrato de experiência desde agosto deste ano em uma empresa de vigilância, a Fortesul. Segundo nota enviada pela empresa a imprensa logo após a sua prisão, ele  trabalhava na divisão de vigilância desarmada. A empresa declarou que vai aguardar as investigações e que foi surpreendida com a notícia da prisão de Tiago que, até então, “apresentava condutas irrepreensíveis em seu ambiente de trabalho”. A empresa declarou, ainda, que o vigilante passou por todo o processo necessário para a contratação, que inclui certidão criminal negativa, diploma de formação em escola autorizada pelo Ministério da Justiça e Declaração de Curso de Reciclagem feito no ano passado, que tem como pré-requisito  a aprovação em exame psicotécnico.
 
A prisão de Tiago Henrique, na terça-feira passada, foi resultado do trabalho de uma força-tarefa composta por 25 delegados, além de 95 agentes e 30 escrivães. O objetivo era elucidar, principalmente, o assassinato de mulheres, em aparente sequencia, por um homem que agia em uma moto. Durante 70 dias, dentre outras diligências, a força-tarefa verificou mais de 150 horas de fitas de vigilância, analisou 576 placas de veículos suspeitos,  50 mil fotografias de multas, além de 150 denúncias anônimas. Duzentas pessoas foram ouvidas e 71 laudos periciais foram feitos. 

Primeira Edição © 2011