Candidatos discutem propostas, mas continuam com ataques em terceiro debate na TV

Como em uma luta de boxe, os dois pugilistas usaram as pimeiras perguntas para estudar o ânimo do adversário

20/10/2014 06:11

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Correio 24 Horas

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O confronto entre Dilma e Aécio na noite do domingo (19) começou morno. Principalmente se levado em conta os ataques diretos que marcaram os dois últimos embates entre os candidatos a presidente do Brasil. Como em uma luta de boxe, os dois pugilistas usaram as pimeiras perguntas para estudar o ânimo do adversário.

 

Como os primeiros minutos são os de maior audiência, estes movimentos também visavam a ser um complemento do horário gratuito com a apresentação de realizações e autoelogios. A primeira pergunta foi feita pela petista, que usou seus 45 segundos para divulgar os benefícios da nova lei que criou o Supersimples, voltada para micro e pequenas empresas.  

Aécio rememorou o nascimento do Simples no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e, na sua primeira pergunta, desferiu o primeiro direto, questionando onde o governo dela tinha falhado para justificar o aumento dos homicídios.

A petista respondeu com números, indicando o crescimento dos investimentos federais na área em relação ao governo tucano. E contragolpeou, citando o Mapa da Violência, documento que indica crescimento de homicídios em Minas Gerais quando o estado foi gerido por seu oponente.

A partir daí a temperatura voltou a subir. Mas nada, no entanto, que lembrasse os debates anteriores.

As propostas também não apareciam. No lugar delas, ataques laterais, números e discursos que propagandeavam as realizações dela - no governo federal - ou dele - quando no comando de Minas Gerais. E a tentativa de ambos em desconstruir estas realizações.

Quando perguntou sobre saúde, Aécio ouviu a adversária lhe acusar que não gastou o piso constitucional da área, o que ensejou ações judiciais por parte do Ministério Público de Minas Gerais.

Aécio tentou desmentir, mas Dilma insistiu e citou frase de um conselheiro do Tribunal de Contas de Minas que disse que era duro contabilizar vacina de cavalo como gasto de saúde.

A presidente, por seu lado, não respondeu ao tucano se ela manteria o tesoureiro do PT, Vaccari Neto, no Conselho de Administração da Itaipu, uma vez que ele foi citado como um dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras.

Ele lembrou que a nomeação de Vaccari Neto foi feita por ela.

As denúncias de desvios na estatal do petróleo foi uma estratégia usada pelo ex-governador mineiro para pautar o debate e levar a petista às cordas. Citando reportagens, disse que Dilma finalmente assumia que houve desvios na estatal.

A petista saiu das cordas ao lembrar ao adversário que o mesmo delator que citou Vaccari Neto disse que o ex-presidente do PSDB, o falecido Sérgio Guerra, também recebeu propina, e enumerou casos de corrupção da época de Fernando Henrique e de governos estaduais do PSDB. E que ela, a contrário dos tucanos, mandava investigar e punir os responsáveis. 

Outra estratégia usada pelo tucano foi a de usar temas econômicos, e perguntou a Dilma se a inflação, em torno de 6,5% o ano, estava fora de controle.  

A presidente respondeu que não e que a proposta do tucano de levar a inflação a 3% ao ano iria triplicar o desemprego, repetindo a fórmula do governo Fernando Henrique de elevar juros, desemprego e recessão econômica, insistindo na tática de comparar os governos petistas com os oito anos de Fernando Henrique Cardoso, atual presidente de honra do PSDB.

Aécio logo citou países que crescem mais que o Brasil - que ele lembrou passa por recessão técnica - com inflação a taxas menores que a brasileira. 

Entre o final do primeiro bloco e inicio do segundo, o tucano uniu os dois temas ao lembrar que o governo FHC fez uma campanha para o trabalhador usar o FGTS para comprar ações da Petrobras. 

E que quem investiu R$ 1 mil em 2002, hoje só tinha R$ 600 por causa dos problemas de gestão da empresa.

“É justo isso?”. Dilma falou que o PSDB vendeu 30% da Petrobras a “preço de banana”. “Vocês (PSDB) não têm moral nenhuma para falar de valor de mercado da Petrobras”.

Com o tema privatização de estatais na pauta, Aécio criticou o que chamou de terrorismo eleitoral do PT ao divulgar a “inverdade” de que ele vai privatizar bancos públicos (do Brasil e Caixa Econômica Federal). Falou que não iria privatizar ou partidarizar estes bancos com indicações políticas para seus cargos diretivos.

A partir daí, o debate voltou a esfriar. E os dois candidatos retornaram a usar temas como educação para propagandear atos e ações de seus governos e para desconstruir as realizações do adversário. E assim seguiu até as considerações finais.

Uma luta e que ambos os candidatos preferiram ganhar por pontos e não por nocaute. Uma disputa em que os juízes foram os telespectadores/eleitores. Cada um com um juízo. Cada um com um voto. Até o próximo sexta na Globo.

Primeira Edição © 2011