Canal do Sertão está sujeito a desvios de água e corre risco de contaminação

Segurança da água bombeada do rio São Francisco é um desafio; obra tem 65km de um total de 240km

13/10/2014 05:00

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Redação

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Com mais de 65km implantados, de um total de 240km, o Canal do Sertão deixou de ser uma promessa de governo e já funciona levando água do rio São Francisco para 200 mil sertanejos, mas não está livre de duas graves ameaças: contaminação e desvio da água bombeada a partir do município de Delmiro Gouveia.

Difícil afirmar qual dos dois é mais grave, mas a possibilidade de poluição do Canal preocupa mais, uma vez que colocaria em risco a saúde da população e até dos animais que consumirem suas águas.

O próprio governador Teotonio Vilela, responsável por transformar o projeto do Canal em realidade palpável, admite que a segurança é fator prioritário para manter suas águas livres de qualquer tipo de contaminação (por animais mortos, por exemplo):

- O Canal não é uma obra feita para ficar ao abandono, sem vigilância; a coordenação do projeto cuidará não apenas desse item, isto é, da preservação da qualidade da água, mas também da integridade de todo o Canal, exatamente para evitar o desvio de água, que não deve ser admitido sob qualquer justificativa.

Manter a qualidade da água do Canal será um dos grandes desafios da coordenação do projeto, mesmo porque até agora pouco mais de um quarto da obra foi concluído, valendo lembrar que, uma vez bombeada, a água desce por gravidade e não tem mais como voltar. Ou seja, em caso de contágio, ela ficaria presa, estagnada no leito do Canal, sem ter para onde escorrer.

Neste mês de setembro, o Canal do Sertão, com 65km já inaugurados, está completando um ano e meio de funcionamento e é motivo de comemoração: antes improdutivas, as terras do semiárido alagoano hoje fazem brotar plantações de verduras, hortaliças, alimentos para os animais e até frutas como o morango. Já são cerca de 200 mil habitantes da região beneficiados com a água retirada do Velho Chico.

NOVA REALIDADE

Graças à água que corre abundante, diariamente carros-pipa, barreiros e agricultores se abastecem nos 380 pontos de captação de já autorizados e transportam o precioso líquido para as cidades, povoados e assentamentos que margeiam os primeiros 65km de Canal e também para outros municípios próximos.

Desde o início de operação, mais de 35 carros-pipa fiscalizados pela Defesa Civil de Alagoas recolhem água diariamente no Canal do Sertão para abastecer os tanques, caixas d’água e as mais de 430 cisternas de moradores que vivem em cerca de 200 comunidades dos municípios de Delmiro Gouveia, Pariconha e Água Branca – que são cortados pelo Canal – e Inhapi, Maravilha e Ouro Branco.

Os carros-pipa e barreiros, porém, não são os únicos meios de fazer a água chegar à população. Três grandes adutoras estão sendo construídas para ligar o Canal do Sertão aos sistemas de abastecimento das regiões do Alto Sertão, Agreste e Bacia Leiteira. Quando estiverem prontas, as adutoras irão levar água para 1 milhão de pessoas no semiárido de Alagoas.

IRRIGAÇÃO

Além disso, cinquenta famílias de agricultores já contam com kits de irrigação em suas plantações. Os primeiros kits entregues e implantados pelo governo utilizam água do Canal do Sertão para regar as terras desses agricultores. Outros 750 kits serão disponibilizados este ano por meio de um convênio assinado com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

A Codevasf também está implantando os perímetros irrigados em Delmiro Gouveia e Pariconha, que vão proporcionar infraestrutura de irrigação a milhares de agricultores sertanejos. A Companhia também está desenvolvendo o projeto do perímetro irrigado de Inhapi. Um quarto perímetro, entre as cidades de São José da Tapera e Carneiros, está em licitação. (Com dados da Agência Alagoas)

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