Sujo e abandonado, Mercado da Produção tem futuro indefinido

Há 33 anos, o Mercado da Produção comercializa carnes e peixes num espaço deplorável

22/09/2014 05:59

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Jornal Primeira Edição

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A decadência do Mercado da Produção seria vista com certa naturalidade e tolerância, se os problemas ali se resumissem ao desgaste natural de sua estrutura e à exiguidade dos espaços reservados a negociantes e clientes, mas é a falta de higiene – dentro e fora – que chama mais a atenção de seus frequentadores.
 
Uma vez por mês – sempre uma sexta-feira, uma voz feminina anuncia pelo serviço e som: “O mercado vai fechar na próxima segunda-feira para limpeza”. É muito pouco, apenas uma faxina, para manter limpo um mercado com as dimensões do MP.
 
Revestido com pedras feitas com cimento e areia, o piso encardiu há anos e não limpa mais com simples lavagem: “Teria de ser feita uma raspagem, mas demoraria a encardir de novo, pela própria natureza do material”, comenta um varejista de cereais sem revelar o nome.
 
Inaugurado em 1979, portanto há 33 anos, o Mercado da Produção comercializa carnes e peixes num espaço deplorável, de muita imundície no piso e nas tarimbas e ainda convive com uma a água podre que fica estagnada numa de suas laterais, sempre que chove.
 
- Isso aqui não se resolve com simples reforma, está tudo muito carcomido, por isso defendo um projeto de reconstrução, que poderia ser executado por etapas, de modo que a gente não parasse e vender – diz o cerealista resumindo o pensamento da maioria de seus colegas. “Do jeito que está, ninguém aguenta, e a gente já percebe que muitos clientes que nos visitam acabam não vindo mais, procuram outros centros para fazer suas compras”, acrescenta.
 
É, mas enquanto os mercadores já se mostram cansados de esperar, não existe nenhum projeto pronto ou mesmo em gestação para reformar ou reconstruir o velho Mercado da Levada.
 
ESPAÇO
 
Construído em área pantanosa (antigo canal da Levada), o Mercado está com 20% de seus boxes fechados (vários deles servindo de depósitos), mas fora, no seu entorno, a quantidade de feirantes seria suficiente para ocupar duas vezes a área total de sua estrutura, isso sem falar na área reservada a frutos do mar e da lagoa, que funciona como uma espécie de anexo, mas onde também a limpeza é escassa.
 
ABANDONO
 
A secretária municipal de Abastecimento, Solange Jurema, acenou com um projeto para recuperar o MP – anunciou-se uma emenda orçamentária de R40 milhões, do senador Benedito de Lira – mas até agora o que há de concreto é a situação de descaso e abandono do maior mercado público da capital que, por desinformação, ainda consegue atrair turistas, que para lá se dirigem sem ter a menor ideia do ambiente com que vão se deparar.

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