Provocação polonesa no vôlei abriu ferida no Brasil: "o mundo dá voltas"

18/09/2014 08:16

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Na primeira vitória sobre a Rússia no Mundial de vôlei, no último domingo, a seleção brasileira se alertou contra as provocações dos rivais para ganhar o jogo. "Não podemos ligar, temos que saber que é na bola que ganhamos deles", disse o capitão Bruninho um dia antes. Depois, na partida, nem ligaram para o marrento Spiridonov, deram risada e venceram fácil por 3 a 1.

Aquela tinha sido a segunda vitória seguida sobre os rivais (venceram antes na Liga Mundial) justamente quando pararam de cair nas provocações. Celebraram depois do duelo a estabilidade emocional.

De maneira surpreendente, os brasileiros caíram na provocação dos poloneses, que nem são referência no assunto, na derrota de terça-feira. Poucas vezes se viu o time perder a linha e ter tantos altos e baixos. Mais jovem e principal pontuador do time, Lucarelli, que é um dos mais frios do time, admitiu que o time se perdeu e ficou com raiva.

"A partir do quarto set, entramos na pilha deles. Eles começaram a fazer gracinha, provocar. Ficamos meio p...foi aí que erramos. Tínhamos que ter tranquilidade. Começamos a querer decidir tudo muito rápido", falou.

Quem achava que o time entraria tenso contra a Rússia, se enganou. Jogou concentrado e venceu fácil por 3 a 0 na quarta. Depois da partida, ao mesmo tempo em que demonstravam alívio com a classificação, deixaram transparecer que os poloneses estão engasgados pelas atitudes de terça, principalmente por Kubiak.

"Tem uns caras lá que nunca ganharam nada, não são ninguém e ficam provocando. Joguei com Giba, o maior ganhador que já vi no vôlei, e nunca o vi provocar ninguém", falou o levantador Bruninho.

O oposto Leandro Vissotto foi um dos que já foram direto ao ponto: os brasileiros querem enfrentar a Polônia futuramente em uma eventual final.  No momento em que comentava a vitória sobre os russos, falou por conta própria sobre os poloneses e transpareceu que o time está engasgado.

"É bom, sempre bom ganhar deles (russos). Faltava um pouco respeito deles. Terça foi a vez de a Polônia desrespeitar, alguns jogadores nos desrespeitaram, o  número 13 (Kubiak). Mas o mundo dá voltas. Espero que possamos encontrar a Polônia mais à frente. Queremos, queremos (enfrent[a-los). Quem quiser a gente pega. Tanto faz, mas o jogo de terça deixou um amargo na nossa boca. A gente não só perdeu, mas fomos desrespeitados por alguns jogadores lá. E isso fica. Se a gente cruzar com eles lá na frente será uma motivação a mais", falou.

Se Kubiak deixou os brasileiros nervosos na terça, antes foi outro tipo de situação envolvendo os anfitriões que atrapalhou. O favorecimento aos poloneses no sorteio era algo já entalado na garganta depois de o time da casa herdar os privilégios do time tricampeão mundial de fazer jogos em dias alternados com direito a descanso.

Os brasileiros foram obrigados a jogar terça e quarta, consecutivamente, para que a Polônia tivesse o descanso e jogasse só na quinta. Logo depois disso, o técnico Bernardinho já havia protestado. "O que é certo é certo. Rasgaram o regulamento, o que estava escrito não vale nada", falou, um dia antes da partida. Na quarta, ao ser questionado sobre o assunto, o vice da FIVB (Federação Internacional de vôlei), Aleksandar Borici, disse que tudo poderia mudar em 24 horas antes dos jogos para favorecer quem detém os direitos.

"O comitê tinha previsto isso, mas em 24 horas tudo muda. No Brasil você escolhe quando quer jogar, no Japão também, e o Mundial é na Polônia. A Polônia pediu, e a Polsat (TV local) pediu também e mudamos", tentou explicar.

Ao contrário do Brasil, a Polônia ainda não está classificada para as semifinais. Mas precisa vencer dois sets nesta quinta-feira, às 15h30 (horário de Brasília) para garantir sua vaga. A seleção brasileira e a outra classificada vão enfrentar na semi os dois melhores do triangular entre França, Alemanha e Irã.

Os alemães já estão classificados, enquanto iranianos e franceses decidem a outra vaga na quinta. Basta um set para os franceses. As semifinais ocorrem no sábado, às 13h30 e 15h30.

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