Aférese terapêutica salva vida de pacientes com doença autoimune

17/09/2014 04:53

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Divulgação

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Mikaella Ingrid, 18 anos, mãe de uma criança de onze meses, e Ingrid Abs Lopes, 35 anos, têm muito mais em comum do que apenas o nome. Mikaella foi internada e entubada três vezes numa UTI e há cinco meses estava presa a uma cadeira de rodas. Já Ingrid Abs foi internada no Hospital Geral do Estado e em processo progressivo de paralisação de todos os membros, inclusive dos músculos e órgãos responsáveis pela respiração e deglutição.

No caso de Ingrid Abs, a doença progrediu para um quadro gravíssimo em apenas quatro dias. Não fosse a transferência para a Santa Casa Farol e iniciado rapidamente o tratamento, no prazo de 24 horas ela morreria por sufocamento. Já Mikaella começou a sofrer a paralisação dos membros inferiores na gravidez. O mesmo tratamento aplicado na Santa Casa Farol permitiu que ela voltasse a andar.

As duas foram salvas graças à intervenção do hematologista e hemoterapeuta Wellington Galvão - com seu moderno equipamento Spectra Optia - e ao convênio firmado entre a Santa Casa de Maceió e a Secretaria Estadual da Saúde para tratamento de pacientes do SUS por meio do tratamento chamado plasmaférese.

"Plasmaférese é um procedimento no qual toxinas e outros componentes sanguíneos são separados e removidos do organismo através de um equipamento automatizado. Ele é utilizado no tratamento de doenças autoimunes, onde são retirados os anticorpos que atacam o organismo", explicou Wellington Galvão, médico que reúne mais de 15 anos de experiência com a plasmaférese e que já tratou mais de 1000 pacientes em Alagoas, segundo seus cálculos.

O equipamento de Wellington Galvão é o mais moderno fabricado pela indústria japonesa Terumo, sendo um dos oito em funcionamento no Brasil até o momento e o único instalado no Nordeste. O nono Spectra Optia encomendado à fabricante japonesa, também adquirido por Galvão, já foi despachado para Alagoas e ficará na Santa Casa Farol à disposição de pacientes do SUS, particulares e de operadoras de planos de saúde.

Aférese x autoimunes

Nas doenças autoimunes, os anticorpos produzidos pelo organismo "enxergam" os órgãos e tecidos da própria pessoa como se fossem agentes agressivos. O contínuo ataque pode levar à morte ou incapacitar o indivíduo. São esses anticorpos que a plasmaférese "filtra" do sangue do paciente, um processo que leva até cinco horas para ser concluído. O objetivo da aférese terapêutica é realizar várias sessões no paciente, retirando o sangue, filtrando e devolvendo-o ao organismo até que o sistema imunológico deixe de produzir esses anticorpos.

"A técnica garante a cura do paciente nos casos agudos, como o de Ingrid, portadora da variante mais agressiva da doença guillain-barrê, ou confere qualidade de vida nos casos de miastenia grave, de Mikaella, que incapacitam a pessoa", explicou Wellington Galvão. No caso da guillain-barrê, a agressividade e rapidez da doença aliada à demora no diagnóstico fazem com que a taxa de mortalidade chegue a 95%.

Parceria salva vidas

"Muitos pacientes do SUS serão salvos na Santa Casa Farol graças à sensibilidade do secretário de saúde Jorge Villas Boas, que firmou convênio com a Santa Casa de Maceió e entendeu a importância deste procedimento terapêutico", disse o diretor médico da Santa Casa de Maceió, Artur Gomes Neto, endossado pelo hematologista Wellington Galvão. "Em apenas dois meses, o convênio garantiu que fossem salvas sete pessoas que corriam risco imediato de morte", confirmou o hematologista.

Ouvido pela reportagem, o secretário Jorge Villas Boas enfatizou que "a parceria com a Santa Casa de Maceió, por meio da contratualização, evita que o paciente tenha de recorrer à Justiça para ter acesso à plasmaférese, o que agiliza o início do tratamento - que nestes casos é fundamental; reduz custos e, o que é mais importante, salva vidas."

Em seu depoimento, Ingrid Abs relata que em quatro dias a sensação de dormência que sentia nas extremidades das mãos, pés, língua e face progrediu para um quadro de completa paralisação em todo o corpo, dificultando até mesmo a respiração e degluição. Já após a primeira sessão [da plasmaférese] pude voltar a respirar. Após dois meses de fisioterapia e quinze sessões do tratamento já consigo subir até escadas, algo que muitos pacientes levam anos para conseguir. Por isso a minha gratidão ao dr. Wellington Galvão, à equipe de fisioterapia e a todos que me ajudaram a voltar a viver", relatou Ingrid.

Primeira Edição © 2011