Ataques no Guia Eleitoral não garantem voto, afirma analista

Acusações e revides tomam espaço que deveria ir para o debate de ideias

15/09/2014 06:47

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Jornal Primeira Edição

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As acusações de natureza pessoal e a troca de insultos entre candidatos – o cardápio do momento no Guia Eleitoral da televisão – não influenciam o eleitor e, portanto, não contribuem para ganhar voto, ao contrário do que supõem alguns marqueteiros.

A avaliação é do analista político Cláudio Noronha, para quem a grande maioria dos eleitores (dos que assistem ao horário eleitoral) conhece suficientemente os principais personagens da sucessão estadual para se deixar levar por dramatizações na TV.

Noronha considera equivocada a estratégia dos marqueteiros do senador Benedito de Lira (PP) de atacar seu principal adversário, o deputado federal Renan Filho (PMDB), com acusações fora do campo eleitoral, por considerar que os fatos questionados na TV – ataque e revide – já são do conhecimento do público.

- A população alagoana sabe de tudo, conhece os candidatos, sabe da vida de cada um e acaba relevando as denúncias de cunho pessoal ou familiar, até porque um ataque provoca outro e, no final, conclui-se naturalmente que não existem santos na procissão eleitoral.

Para o expert político, esse tipo de estratégia só funcionaria, produzindo resultados práticos, se apenas um dos lados tivesse ‘munição’ para atingir e expor o concorrente, e não é isso o que se observa na disputa aqui em Alagoas.

- Ataque, só vale no terreno político, no âmbito de governo, no campo da ação política e, mesmo assim, quando se exagera, quando a pancada excede certos limites, o efeito acaba vindo em sentido contrário – frisou Cláudio Noronha, exemplificando: “Em São Paulo, o candidato Skaf achou de culpar o governador Alckmin pela seca. Resultado, caiu nas pesquisas”.

Explicando sua afirmação de que o eleitor sabe das coisas e não se deixa envolver ou levar por produções de marqueteiros, Noronha fez a seguinte ponderação: “A equipe do senador Benedito ataca Renan (não importa se o pai ou o filho), mas todo mundo aqui em Alagoas sabe (porque viu) que o senador Biu foi um entusiasta da eleição de Renan Calheiros para presidente do Senado e, portanto, do Congresso Nacional”.

NA JUSTIÇA

Com o aumento da temperatura na disputa eleitoral, envolvendo ‘candidatos pra valer’, figurantes e ‘paus mandados’, a Justiça Eleitoral está abarrotada de representações feitas pelos partidos, a grande maioria pedindo direito de resposta no Guia Eleitoral.

Como consequência – e considerando que o volume de ações tende a aumentar cada vez mais – a previsão é de que muitos desses processos deixarão de ser julgados (claro que antes das eleições), por absoluta falta de tempo e de recursos humanos da Justiça Eleitoral.

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