Relatório de comissão da ONU alerta sobre crimes de guerra do EI na Síria

27/08/2014 08:48

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EFE

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O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) comete crimes de guerra e crimes contra a humanidade de forma regular na Síria, incluindo torturas, assassinatos e estupros, alertou nesta quarta-feira a comissão da ONU que investiga as violações cometidas no país através de um relatório.

O documento, elaborado com base em 480 entrevistas e que aborda o período entre 20 de janeiro e 15 de julho deste ano, revela como os jihadistas do EI realizam de forma regular execuções públicas de homens - incluídos menores - acusados de colaborar com outros grupos.

O relatório também aborda a tortura pública de mulheres que não seguem o código de vestimenta do grupo e 'ousam' sair à rua com seus cabelos ou rosto expostos.

Frequentemente, os milicianos do EI obrigam o público presente, incluindo crianças, a presenciar as execuções, que normalmente ocorrem às sextas-feiras e são realizadas mediante a decapitações ou tiros na cabeça.

Os corpos dos executados, muitas vezes crucificados, também costumam ficar expostos durante três dias, como um método de aterrorizar à população local.

A comissão, presidida pelo professor brasileiro Paulo Sergio Pinheiro, considera que EI cometeu crimes de guerra ao executar indivíduos sem o processo judicial correspondente, e crimes contra a humanidade por não garantir funerais dignos.

Segundo o relatório, o grupo jihadista recruta e treina militarmente crianças de até 10 anos e que os menores fazem parte ativa dos combates, 'incluindo as missões de ataques suicidas'.

O relatório deixa claro que as recentes conquistas militares do EI no Iraque reforçaram sua posição na Síria 'tanto material como psicologicamente'.

'Muito mais organizado e com um maior poder de financiamento por causa da tomada de consideráveis recursos e equipamentos militares no Iraque, o grupo consolidou seu controle sobre amplas áreas do norte e do leste da Síria, em particular Dayr az Zawr', acrescentou o relatório.

O relatório destaca que, além de atrair combatentes estrangeiros, principalmente após ter autoproclamado um califado islâmico, o grupo capta um número cada vez maior de sírios, especialmente após as alianças com tribos locais nas províncias de Ar Raqqah, Al Hasakah e Dayr az Zawr.

'Para diminuir o descontentamento popular sobre seus radicais métodos de governo, o EI adotou uma estratégia baseada no estabelecimento da ordem através de uma combinação de brutalidade e o fornecimento de serviços essenciais, como segurança e trabalho'.

Primeira Edição © 2011