Antigo Alagoinhas arruína paisagem, mas Marco Turístico já esta liberado

Com autorização do Patrimônio da União, antigo Alagoas Iate Clube vai ser riscado do mapa litorâneo

25/08/2014 06:17

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Jornal Primeira Edição

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O Alagoas Iate Clube, carinhosamente chamado de Alagoinhas, não deveria ter sido construído onde foi – no mar, na confluência de Ponta Verde com Jatiúca – mas, depois de erguido, não deveria mais ser demolido, mas vai porque aqui as coisas funcionam assim.

O governo que viu o Alagoinhas como uma obstrução do mar, não viu o acesso ao mesmo pedaço do Atlântico obstruído pela estrutura do belíssimo e aprazível Hotel Jatiúca, situado a cerca de dois quilômetros do antigo clube social agora condenado à extinção.

Para o leitor entender: o governo estadual desapropriou o Alagoinhas e decidiu construir no lugar um Marco Referencial, um espaço destinado a promover o turismo na orla maceioense. Sucedeu que, em julho último, ante a ausência de documentos necessários à execução do projeto pretendido, a Justiça havia embargado a obra, decisão que, agora, perde efeito em face da portaria 07/2014, da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em Alagoas, expedida pelo superintendente Cláudio Luiz dos Santos Beirão, autorizando a demolição das ruínas e, por conseguinte, a construção do Marco Turístico.

Para que os serviços sejam retomados, a portaria do Patrimônio da União exige apenas que uma placa seja afixada no canteiro de obras, em lugar visível, confeccionada segundo o manual da SPU e informando a autorização e a portaria pela qual ela foi liberada.
A Secretaria de Turismo de Alagoas informou que a demolição do Alagoinhas teve início no começo de julho e estava sendo feita de forma minuciosa, sem o uso de máquinas pesadas, como exige a licença ambiental.

Ainda conforme a Setur, após a demolição da estrutura do antigo Alagoas Iate Clube, será realizada a restauração das colunas (paliteiros) existentes para a construção de um deck, que contará com um espaço para apresentações artísticas e degustação de iguarias nordestinas.

Hoje, as ruínas do que foi o atraente Alagoinhas constitui uma nódoa num dos mais belos cartões postais de Maceió, chamando a atenção dos turistas que não entendem como uma área tão privilegiada preserva os restos de uma construção totalmente degradada.

Alagoinhas pontificou no tempo dos clubes sociais

A demolição do que resta do Alagoinhas encerra o ciclo de vida de um dos mais queridos clubes sociais de Maceió, encravado em pleno mar de Ponta Verde de onde se descortinava uma vista impressionante. Centenas de sócios, ao longo de décadas, mantinham o clube em atividade constante, realizando shows e encontros de famílias nos sábados e domingos, com curtição em piscinas e apresentação de cantores e bandas de música. Numa noite de sábado de 1989, o Alagoinhas foi palco da última exibição de Nelson Gonçalves, o maior cantor brasileiro da história, aqui em Alagoas. De tão pitoresco e agradável, o Alagoinhas costumava atrair sócios de outros clubes e com frequência arrancava elogios de turistas de vindos dos mais diversos pontos do Brasil.

Os clubes sociais eram pontos de encontro das famílias e realizavam grandes festas, principalmente carnaval, São João e réveillon, mas o apogeu dessas instituições durou até o final dos anos 80. Até então, comprar um ‘título patrimonial’ da Fênix, Iate Pajussara, Tênis, Alagoinhas, Motonáutica e Clube Português (hoje transformado em Shopping Popular no centro de Maceió) significava investir bem o dinheiro da família.

Mas os tempos mudaram e a partir dos anos 90 a vida nos clubes sociais foi perdendo terreno e até os bailes de carnaval cessaram – hoje, apenas Iate Pajuçara e Tênis realizam prévias momescas na capital.

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