A maioria não quer mais Dilma

25/08/2014 10:46

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Redação

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A mais recente pesquisa Datafolha mostra Dilma com 36% das intenções de voto, portanto, contando com pouco mais de um terço dos eleitores. Olhando de relance, vê-se a presidente com vantagem ‘folgada’ sobre os dois principais concorrentes: Marina Silva com 21% e Aécio Neves com 20%. De relance, porque, encostando o olho na lupa avistam-se quase dois terços do eleitorado apoiando a oposição, na indecisão ou disposto a não votar em ninguém.

O panorama, claro, não é tranquilizador para Dilma, pelo menos se avaliada sua peformance a partir dos números do Datafolha. Considerando-se, ainda, a margem de erro, a fatia de brasileiros disposta a votar em Dilma é mais ínfima e preocupante – para o PT. O que falta ao governo? O que falta aos governistas?

Difícil responder. Quem detém o poder tem, como se costuma dizer, o queijo e a faca nas mãos. Poder de barganha, apoio negociado, cargos para distribuir, montanhas de dinheiro para investir, programas assistencialistas, Banco Central mandando no sistema financeiro, projetos populistas. Pois bem, Dilma tem tudo isso e só conta com o voto manifesto de um terço da população. Onde a explicação para esse fenômeno de ‘tanto com tão pouco’?

Exaustão, saturação. O PT cumpriu seu papel, não tem mais o que fazer. Posicionado como está nas pesquisas, o eleitor é quem está dizendo isso. Quer o fim do ciclo petista e o início de um novo tempo. Com quem? Essa a questão nuclear. Quem, para assumir e fazer o que o PT não conseguiu realizar? Se a campanha não der uma resposta clara e objetiva a essa indagação crucial, Dilma pode dormir tranquila. Vai se reeleger, isso mesmo, ‘sem ter como’.

 

NAUFRÁGIO DO EISA

O estaleiro de Coruripe deixou de ser mencionado pelos políticos. Cada vez mais distante de ser viabilizado, o Eisa ou Nor seria o grande trunfo eleitoral de Téo Vilela, se candidato ele fosse.

 

REFORMA POLÍTICA

Em setembro um plebiscito dirá se o povo aprova a convocação de uma constituinte exclusiva para fazer a reforma política que o Congresso, por motivos óbvios, teima em não levar a termo.

 

GRAÇA NÃO TEM GRAÇA NENHUMA

A suspeita de que Maria da Graça Foster transferiu seus bens para os filhos tem tudo para ser mais uma gravíssima tramoia envolvendo a turma do PT. Presidente da Petrobras (e amiga íntima de Dilma), Graça Foster poderá ter os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União, ela e outros dirigentes da estatal – o que a teria levado a correr para ‘se desfazer’ do patrimônio.

 

EXEMPLO EM PE

Em Pernambuco, apesar de toda comoção popular, nenhum parente de Eduardo Campos se lançou candidato. Aqui, quando um líder político tosse, já tem gente se anunciando como legítimo herdeiro.

 

SAÚDE E EDUCAÇÃO

A campanha para governador em Alagoas surpreende pelos enfoques. Os problemas da educação e da saúde estão mais em evidência do que as negras estatísticas da segurança pública.

 

TEMPO DE HELOÍSA EXIGE DISCURSO METEÓRICO

Vinte e sete segundos e 34 centésimos. É o tempo reservado a Heloísa Helena, no rádio e TV, para fazer a campanha ao Senado. Narrador de futebol ou de corrida de cavalos pode proferir uma centena de palavras nesse lapso de tempo. No Guia Eleitoral, impossível. Um caso excepcional foi o de Enéas Carneiro. Seu ‘discurso’ era meteórico e ele fechava gritando “Meu nome é Enéas!”. E Heloísa? Se disser ‘meu nome é Heloísa Helena’ e acrescentar o mandato em jogo, o tempo vai embora. 

 

SEM DESISTÊNCIA

O PSDB não se preocupou com o potencial do candidato ao escolher Júlio Cézar para concorrer ao governo. O partido queria, apenas, alguém que portasse um dicionário sem o verbete ‘desistência’.

 

DUPLA DE ÁREA

Heloísa Helena (PSOL) vai se engajar na campanha presidencial de Marina Lima. Ex-colegas no Senado, as duas têm se apoiado mutuamente em seus projetos eleitorais nos últimos anos.

 

SÓ FUNCIONA COM CUMPLICIDADE

A urna eletrônica e o voto biométrico quase que acabaram com a corrupção eleitoral. Quase, porque não existe mecanismo capaz de impedir a compra de voto. Até porque é o tipo do negócio que só funciona com a cumplicidade do eleitor. Erra quem compra, mas erra, sobretudo, quem vende. O primeiro fatura mandato e poder. O segundo, uma merreca, e nada mais.

 

AÇÃO GREVISTA

Virtual engajamento de Rui Palmeira na campanha eleitoral poderá recrudescer a mobilização grevista dos servidores municipais. O interesse político, claro, funciona como combustível do grevismo.

 

CHOQUE ELÉTRICO

Os reajustes de energia elétrica em gestação são de arrepiar. A Eletrobras reivindica um percentual em cada estado. Aqui em Alagoas, era de 19%, mas já se especula algo em torno de 38%.

 

FATOR IDEOLÓGICO NA POLÍTICA BRASILEIRA

A política brasileira é única. Marina Silva preocupa-se com alianças para preservar sua formação ideológica. Prefere perder uma eleição, a ganhá-la com apoio ‘indesejável’. Dilma e Lula, porém, não estão nem aí, não olham pros aliados, se juntam até a um Paulo Maluf sem o menor constrangimento e sob os aplausos dos petistas em geral. Que esquerda é essa que os companheiros exercitam

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