A história do "marujo" que mantém vivo o fandango no Pontal

24/08/2014 09:53

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Assessoria

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Reconhecido como Patrimônio Vivo de Alagoas em 2012, Ronaldo da Costa representa a quarta geração a comandar o Fandango do Pontal da Barra, folguedo de origem portuguesa existente na localidade desde 1930. Mestre Pancho, como é conhecido, herdou do pai, o saudoso mestre Isaldino, o amor pela tradição e a vontade de preservar a cultura popular. A quarta reportagem da Série Mestres do Saber mostra a história desse “marujo” que mantém vivo o Fandango no bairro.

 

No grupo conduzido por Pancho, formado por 37 pessoas, figuram personagens que fazem alusão à Marinha, com trajes específicos e indumentárias que remetem as tripulações de antigos navios de guerra. Os participantes entoam peças cantadas que narram a trajetória, repleta de aventuras, de uma nau perdida no mar.

 

“O Fandango alagoano que vive aqui no Pontal tem uma identidade própria, chegou de um jeito e logo foi se adaptando ao local, à cultura e ao povo”, explicou o mestre, que participou do folguedo pela primeira vez aos 13 anos como marujo.

 

Há quatro décadas, desde quando assumiu o comando do grupo a pedido dos moradores da região, mestre Pancho incluiu as mulheres no Fandango, antes com restrito aos homens. “Foi comigo que as mulheres começaram a participar da brincadeira. Não tinha sentido deixar elas de fora já que também podem entrar na Marinha”, justificou o mestre.

 

A consciência de que a ‘brincadeira’ faz parte das tradições da cultura popular alagoana e corresponde às raízes de identidade do Pontal, segundo Ronaldo, veio junto aos ensinamentos do pai e, hoje, refletem nos filhos e netos. A família está sempre presente no mundo do folguedo, todos sabem as canções e participam de tudo o que o envolve, como as apresentações, ensaios e fardamento.

 

Aposentado e com uma renda extra que vem da pesca e da bolsa vitalícia que recebe como estímulo pela atividade cultural, mestre Pancho considera o Registro de Patrimônio Vivo “uma conquista para o estado. É importante Alagoas reconhecer as suas origens, os folguedos e o seu povo”.

Primeira Edição © 2011