Família pede prisão domiciliar para suspeito de estupro torturado em GO

Pai do jovem disse que Justiça falhou ao não preservar integridade do filho. Detento com celular filmou toda agressão ao preso e divulgou imagem na web.

01/08/2014 06:55

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Globo

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A família do homem de 22 anos preso suspeito de cometer estupro e que foi espancado por outros detentos dentro da cadeia de Anápolis, a 55 km de Goiânia, procurou a Justiça na quinta-feira (31) para pedir que ele cumpra a pena em prisão domiciliar. Eles tomaram essa decisão depois que o vídeo em que o detento é torturado foi divulgado na internet.

O pai do jovem espancado, que não quis se identificar, afirma que houve falha da Justiça por não preservar a integridade física do filho. “Uma prisão domiciliar, poderia ser também uma internação, algum lugar que ele possa realmente ser cuidado”, defende.

Procurado pela reportagem, o poder judiciário de Anápolis não se posicionou sobre o pedido da família devido ao feriado municipal em comemoração aos 107 anos da cidade.

Mensagens trocadas entre os detentos por um aplicativo de celular mostram que muitos deles têm acesso aos aparelhos dentro das celas. Nas conversas flagradas pela Polícia Civil, os presos mostram desdém a quem comete o crime de estupro. Em uma das mensagens, um dos homens diz: “Também dou muito valor a estuprador não”.

Após as agressões, o preso espancado está isolado em uma cela, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus). O objetivo é evitar que ele seja torturado novamente

A Polícia Civil analisou as imagens e disse que, além dos agressores, também vai indiciar os agentes penitenciários que possam ter se omitido durante o ocorrido. “A história da espancado tem que ser analisada com uma certa parcimônia porque ele possuiu um distúrbio mental e ele não chegou a consumar conjunção carnal com a maioria das vítimas”, acrescenta o delegado responsável pelo caso, Manoel Vanderic.

Tortura

A agressão ocorreu no dia 24 deste mês. O vídeo foi gravado pelo celular de outro preso e divulgado nas redes sociais. As imagens mostram que ao menos dez homens assistiram ao espancamento. Um cabo de vassoura foi usado durante o crime. Enquanto apanha, o homem, que está nu, é obrigado pelos agressores a dizer que é tarado. “Eu sou um sem vergonha. Tarado sem vergonha”, diz a vítima durante a gravação. Ele teve o intestino perfurado e foi socorrido no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana).

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus) afirma que investigações preliminares identificaram detentos suspeitos de cometerem o crime. Ao final da apuração, os suspeitos podem sofrer sanções disciplinares. A Sapejus informou, ainda, que os celulares que gravaram o espancamento já foram identificados e recolhidos.

Além disso, também foi identificado um preso suspeito de ter gravado as cenas. Segundo a Sapejus, ele deve responder pelo uso do celular. Também será investigado como o aparelho utilizado para a gravação entrou no presídio.

Crimes

Segundo a Polícia Civil, o homem espancado foi preso porque se passava por fotógrafo para atrair jovens entre 18 e 20 anos que eram violentadas na casa dele. Ele é apontado como o autor de 11 crimes.

"A história dele tem que ser analisada com certa parcimônia porque ele possui um distúrbio mental e ele não chegou a consumar a conjunção carnal com a maioria das vítimas", diz o delegado Manoel Vanderic.

Morte

Na quarta-feira (30), um detento de 33 anos foi assassinado dentro de uma cela da Unidade Prisional de Anápolis. O suspeito de cometer o crime é outro preso. Segundo a Polícia Civil, o criminoso confessou ter assassinado o colega de cela. “Ele disse que foi assediado pelo autor e que não aceita isso. E por ele ser estuprador, também decidiu matá-lo”, informou ao G1 a titular da Delegacia de Homicídios, Marisleide Santos.

A vítima aguardava julgamento por abuso de incapaz, já o autor do crime cumpre pena por roubo. Eles estavam em uma cela com mais 15 detentos. Em nota, a Sapejus informou que a direção da unidade “abriu sindicância para apurar as circunstâncias e as responsabilidades sobre a morte do detento”.

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