Após vexame na Copa, futebol brasileiro volta a ficar na mira do Congresso

16/07/2014 12:28

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Depois do vexame passado pela seleção brasileira durante a reta final da Copa -- quando foi goleada por 7 x 1 pela Alemanha na semifinal, o pior placar em 100 anos de história, e por 3 x 0 na disputa pelo terceiro lugar com a Holanda, somando dez gols sofridos em dois jogos -- a gestão e organização do futebol nacional entrou na mira de senadores e deputados mais uma vez. Agora, o objetivo anunciado por parte dos parlamentares é tentar enquadrar a CBF.
 
No Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou um projeto de lei na segunda-feira (14) -- um dia depois da final do Mundial no Maracanã, no Rio de Janeiro, que consagrou a seleção alemã campeã do mundo em cima da Argentina -- que propõe o controle público sobre as contas e contratos da CBF. A Confederação Brasileira de Futebol é uma entidade privada, e hoje não é submetida a nenhum tipo de fiscalização dos órgãos de controle da União, assim como empresas e outros entes particulares.
 
De acordo com o projeto de lei de Dias, todos os contratos fechados pela CBF, inclusive os publicitários, têm de ser tornados públicos na internet, e as contas da entidade máxima do futebol brasileiro passariam a ser fiscalizadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), dentre outras medidas. As federações estaduais ficam submetidas às mesmas regras, caso a lei seja aprovada. Segundo a justificativa do Senador, o projeto é possível porque o futebol é um "patrimônio imaterial brasileiro", a CBF possui algumas isenções fiscais e federações recebem transferências de recursos da União.
 
Em outra frente ainda no Senado, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) anunciou que vai encampar ao longo desta semana a coleta de assinaturas para instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Futebol, proposta pelo senador Mario Couto (PSDB-PA) no final do ano passado. A CPI tem temática ampla, e pretende investigar principalmente a CBF e federações estaduais de futebol.
 
Até o início da Copa, o pedido de CPI do Futebol contava com a assinatura de 18 senadores. No início da noite de terça-feira (15), eram 17. Apesar de ter havido uma desistência ao invés da iniciativa ganhar mais apoio, o senador Rodrigues estava otimista que conseguiria mais do que as 27 assinaturas necessárias para a instalação da CPI antes do final da semana. "Espero conseguir muito mais que o mínimo de 27. Espero conseguir os 81 senadores. Quem não assinar essa CPI é alemão", brincou o senador em declaração à Agência Senado, e classificou providências como a substituição do treinador Luiz Felipe Scolari como "soluções apenas profiláticas".
 
Segundo Randolfe, há uma união de forças em torno do tema. "A presidente Dilma já manifestou que apoia uma fiscalização maior do Estado sobre as questões do futebol. Vamos procurar o presidente do Senado [senador Renan Calheiros] amanhã para que consigamos votar o projeto de lei sobre a CBF do senador Álvaro Dias até o final desta semana, antes do recesso", disse ao UOL Esporte o senador. Rodrigues tem uma reunião marcada com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, nesta terça-feira (16), quando espera conseguir apoio para a iniciativa.
 
Diversos senadores tomaram a palavra na tribuna do Senado na segunda-feira (14) e terça-feira (15) para falar sobre a Copa, a seleção e o futebol brasileiro. Pedro Simon (PMDB-RS) disse que a Copa "valeu a pena", Gleisi Hoffmann (PT-PR) elogiou o governo pelo sucesso na organização do Mundial, Jorge Viana (PT-AC) disse que é preciso reestruturar o futebol brasileiro com mais profissionalismo e investimento, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) avalia que a Copa foi um sucesso, Ricardo Ferraço (PMDB-ES) cobrou a conclusão das obras inacabadas, Casildo Maldener (PMDB-SC) acha que está na hora de repensar o esporte, enquanto Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Cristovam Buarque (PDT-DF) discursaram dizendo que está na hora de voltar a atenção para prioridades como o combate à corrupção.

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