Direitos offline devem ser protegidos online, diz Dilma

Esquema de espionagem americano, que motivou o discurso de Dilma

23/04/2014 13:00

A- A+

Por BBC, BBC Brasil

compartilhar:


O esquema de espionagem americano, que motivou o discurso de Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU no ano passado, voltou a dar o tom da fala da presidente na abertura da NetMundial, encontro que discute um sistema de governança global da internet, que acontece em São Paulo.

'As revelações sobre mecanismos abrangentes de espionagem coletiva provocaram repúdio na opinião pública brasileira e do mundo', disse a presidente. 'Isso atenta contra a natureza da internet, aberta, plural e livre.'

Antes do discurso, Dilma sancionou o Marco Civil da internet, aprovado na noite anterior pelo Senado.

Dilma voltou a defender o direito à expressão e privacidade na rede.

'O Brasil defende que a governança da internet seja multissetorial, multilateral, democratica e transparente', disse a presidente.

Durante a fala presidencial, manifestantes levantaram faixas de apoio ao ex-consultor da NSA (Agência Nacional de Segurança) americana Edward Snowden, que divulgou as informações que revelaram o esquema mundial de espionagem dos Estados Unidos. Uma delas dizia: 'Somos todos vítimas da espionagem'.

Decisão americana

O anúncio dos Estados Unidos de que estão abdicando do vínculo institucional com o ICANN (Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, na sigla em inglês) em setembro de 2015 foi citado por Dilma e por todos os que discursaram na abertura da NetMundial.

O ICAAN é o orgão responsável por atribuir os domínios aos sites da internet, e assim, em última análise, responde pela administração da rede mundial de computadores.

O criador da Web, Tim Berners-Lee, pediu uma governança multissetorial do ICANN, tema que, visto pelos discursos, deve dominar os debates em São Paulo.

'A internet antes era parte da comunidade técnica e acadêmica. Agora é do setor privado, da sociedade civil, dos governos. Nós precisamos de uma governança da internet que faça com que a comunidade sente à mesa (de decisões)', disse.

Participaram do debate inicial do evento o deputado federal e relator do Marco Civil da internet na Câmara, Alessandro Molon (PT-RJ), a coordenadora do Coletivo Intervozes, Bia Barbosa, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, além de outros ativistas por direitos humanos na internet.

Primeira Edição © 2011