Recifes de Maragogi dão tons raros de verde e azul à água

21/11/2013 15:44

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Folha de São Paulo

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Sob um já forte sol das oito horas, a banhista se levantou da espreguiçadeira, caminhou e, já dentro do mar, deu um número de passos até maior do que o que tinha dado na areia.

A água mal batia em seus joelhos e, para mergulhar cintura, ombros, cabeça, ainda era preciso andar mais alguns metros em direção ao quebrar das ondas.

É assim, raso e calmo, o mar de Maragogi, ao norte de Alagoas, a cerca de 130 km da capital, Maceió --está à mesma distância do Recife. E esse mar, também, é de uma variedade rara de tonalidades de azul e verde. Culpa dos recifes que, a 6 km da costa, protegem o litoral do lugar.

Protegem e formam um punhado de piscinas naturais que rendeu fama à cidade de 30 mil habitantes, que faz parte da chamada Costa dos Corais --região que é também a maior unidade de conservação marinha do país.

É justamente para as piscinas (Galés, a mais famosa, Taocas, Barra Grande e Barreira de Peroba) que rumam, todos os dias, dezenas de catamarãs com turistas.

Por cerca de R$ 60 (o valor varia, dependendo de quem agencia o passeio; a maioria dos hotéis e pousadas o organiza), eles passam duas horas boiando, lagarteando ou explorando a exuberância da fauna sob a água límpida.

Na maioria delas, rasinhas, máscara e snorkel bastam para a prazerosa atividade (eles são alugados por cerca de R$ 10). Em algumas é possível alugar cilindros de mergulho e multiplicar a observação de espécies.

Aliás, cabe uma correção: os catamarãs não partem todos os dias. Para isso, é preciso que a maré atinja mais de 0,7 metro --o que não ocorreu, por exemplo, nos dois dias em que a Folha esteve na cidade.

Quem viaja a Maragogi, então, já sabe: além de consultar a previsão do tempo, vale uma espiada na tábua das marés do porto de Maceió.
Em não havendo maré para conhecer as piscinas, o jeito é pedir ao comandante do catamarã para navegar rente à orla. Ou curtir em terra.

Se uma praia cansar, há mais de uma dúzia de outras. E, para acessá-las, o buggy é quase um veículo oficial.

Por R$ 200 (para quatro pessoas), cruza-se desde as praias da cidade vizinha de Japaratinga --como Bitingui e São Bento, onde também é possível caminhar 500 metros mar adentro, com maré baixa-- até as mais ao norte.

É só na linda e mais sossegada praia de Peroba, ao norte, que os coqueiros cedem espaço para uma bem preservada mata de restinga -paisagem completada pela larga foz do rio Persinunga, que marca a fronteira com Pernambuco.

Vista que, no final de tarde, enleva tanto quanto a do mirante de Japaratinga (acesso pela pousada Paraíso dos Coqueirais) -no qual os R$ 2 de entrada, para coroar o espírito desprendido do lugar, dão direito a uma água de coco.

SEQUILHO QUENTINHO

Muitas vezes, quem vai a Maragogi --ao lado de Guarapari (ES), única brasileira a figurar em um ranking de cem destinos de melhor custo-benefício do site alemão de pesquisas de hotéis Trivago-- nem sai dos hotéis; os principais, como o Salinas e o Grand Oca, são megaresorts.

Mas vale dar um tempo no regime de todas as refeições incluídas e passear pela região. Seja para visitar cidades vizinhas, como a agitada São Miguel dos Milagres ou a sossegada Porto de Pedras, seja para conhecer o centrinho local.

Por ali, as melhores atrações são a feira de artesanato montada todas as tardes no calçadão e o povoado da praia de São Bento. É lá que se concentram as fábricas familiares de "bolo de goma", o sequilho; inevitável entrar em uma delas e entender como as mulheres moldam a massa com tesoura para formar conchinhas.

Não é de se esperar luxo, mas não há quem não saia de lá sem pelo menos um saco de biscoitos quentinhos (500 g por R$ 9).

Primeira Edição © 2011