Artesã alagoana é escolhida para expor sua produção em Nova Iorque

Wendy Sherry Barros, que elabora peças com a técnica do Filé, foi selecionada pelo Programa do Artesanato Brasileiro

18/04/2013 15:27

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Agência Alagoas

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A divulgação da lista com as selecionadas para a exposição Mulher Artesã Brasileira rendeu um bom motivo de comemoração aos alagoanos. Entre as escolhidas pelo Programa do Artesanato Brasileiro está Wendy Sherry Barros, da Cooperativa de Artesãs da Barra Nova (Coopeartban). Wendy elabora peças com a técnica do Filé, artesanato típico de Alagoas, e será uma das poucas artistas a ter o seu trabalho demonstrado na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (EUA), no mês de setembro.

O feito quase não foi possível. A artesã soube pela diretoria de Design e Artesanato da Secretaria de Estado do Planejamento e do desenvolvimento Econômico (Seplande), representante do PAB em Alagoas, sobre a existência do edital, mas só efetivou a sua inscrição alguns dias antes do encerramento do prazo. Foi por pouco, mas ela conseguiu. “Nós recebemos um email da diretoria, nos avisando do edital e sugerindo que esse era mais um desafio para nós. Como aqui nós gostamos de desafios, de sempre superar o que fazemos, eu me inscrevi”, relata Wendy.

A artesã não só conseguiu se inscrever a tempo, como também obteve algo mais valioso, pôde ser notada entre tantas outras mulheres que também vivem da atividade no País. Hoje, aos 33 anos de idade, ela conta como se deu a sua relação com o artesanato.

 “A minha vida sempre foi dedicada ao artesanato, desde os 12 anos é isso o que eu faço. Ao longo do tempo eu só fui mudando de tipologia, mas quando eu passei a morar na Barra Nova, há nove anos, me apaixonei imediatamente pelo artesanato local. Então eu fiz uma troca com uma amiga, ela me ensinava o Filé e eu a ensinava a fazer bolsas com garrafas pet, que era o que eu fazia na época. A partir daí, não parei mais”, disse Wendy, ao relembrar sua trajetória.

 A notícia de que havia sido selecionada também chegou por email, na última terça-feira (16). A diretoria de Design e Artesanato da Seplande trazia a boa nova, que já tinha até deixado de ser aguardada.

“Eu olhei o site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e não tinha nenhuma nota sobre o edital, resolvi deixar para outra oportunidade, achei que essa já tinha passado. Não acreditei quando vi que o meu nome estava ali, só posso descrever esse momento como emocionante. Não tem nada melhor do que ter a certeza da concretização de um sonho, receber o reconhecimento do trabalho que a gente faz com amor, junto da comunidade”, exaltou.

Cooperação
Outras 14 artesãs, de 12 estados brasileiros, acompanham Wendy na sua empreitada à cidade de Nova York, ainda este ano. Cada uma delas representa centenas de outras mulheres de suas comunidades. No caso da alagoana, são 40 só na Coopeartban. O edital que possibilitou a escolha de Wendy exigia a resposta de alguns questionamentos, além da história de vida de cada uma delas. A relação da produção com o trabalho comunitário esteve entre eles.

 “O meu aprendizado com o Filé se deu paralelamente ao meu envolvimento com a comunidade. Conforme o meu interesse por um ia crescendo, o outro acompanhava. Assim como o artesanato é a minha vida, a minha comunidade também é. Hoje eu posso dizer que não tenho vontade alguma de sair daqui, eu gosto do lugar, gosto das pessoas, gosto do trabalho coletivo que realizamos e das parcerias que fazem tudo funcionar em harmonia por aqui”, define Wendy.

A diretora de Design e Artesanato da Seplande e coordenadora do PAB Alagoas, Dyslene Teles, comemorou a escolha de Wendy pelo Projeto e afirmou ainda ser um reconhecimento merecido para o Estado. “O fato de que poucas artesãs foram escolhidas já coloca Alagoas entre os que melhor representaram o artesanato brasileiro, a indicação já é um grande prestígio. A Wendy é uma representante à altura dos nossos artistas, dedicada e apaixonada pelo que faz”, disse Dyslene.

Edital
Além do reconhecimento com a exposição, a iniciativa tem como proposta mapear o cenário atual do artesanato em cada localidade. O projeto também vai proporcionar às contempladas a oportunidade de aprimoramento profissional, através de ações difusoras.

“Wendy vai ter a oportunidade de entrar em contato com um mundo diferente do que ela está acostumada, mas que tem muito para acrescentar à atividade criativa dela. Palestras, divulgação ampla na mídia, exposição de fotografias e de objetos, entre outras ações, vão contribuir para que ela volte à sua comunidade com um olhar artístico mais abrangente”, explica Dyslene.

Ações de pesquisa, documentação, reflexão e divulgação, através da produção visual contemporânea brasileira, na forma de publicações específicas como livros de arte e documentário, também compõem o programa.

O secretário de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, Luiz Otavio Gomes, ressaltou a importância de ações que fortaleçam a atividade artesã. “A desenvoltura de projetos que contemplem o artesanato é mais do que necessária na nossa sociedade, porque eles representam um víeis de inclusão produtiva fundamental. Atualmente, o Governo de Alagoas atua de forma incansável para concluir a Identidade Geográfica do Filé no Estado, em parceria com o Sebrae, e esse reconhecimento só reforça a importância dessa ação” , declara.

Questionada sobre a sensação de ter seu artesanato exposto em Nova York, para um público notoriamente diversificado, a artesã parece ficar sem palavras, resume toda a expectativa da nova experiência com simplicidade, mas não esconde o entusiasmo. “Eu nunca imaginei que o meu artesanato pudesse chegar tão longe, visualizo tudo isso como algo tão grandioso que não consigo explicar ao certo como será o retorno de toda essa oportunidade. Estamos todos muito felizes”, conclui Wendy.

A avaliação de todos os projetos inscritos para a exposição Mulher Artesã Brasileira foi realizada por uma Comissão de Seleção composta por profissionais da Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa), do PAB, do MDIC e do Sebrae, no mês de março. 

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