Delegado começa a ouvir depoimento de vítimas de acidente na Avenida Brasil

04/04/2013 07:55

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O Dia

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O delegado José Pedro da Costa Silva, da 21ª DP (Bonsucesso), comecará nesta quinta-feira a colher depoimentos de vítimas do acidente com o ônibus da linha 328 (Castelo-Bananal) que caiu de um viaduto na Avenida Brasil, na saída da Ilha do Governador, Zona Norte, na última terça-feira. O acidente deixou sete mortos e 10 feridos.

O delegado vai percorrer os hospitais onde estão internados os feridos para ouvi-los. Silva já esteve nas unidades de saúde nesta quarta e tentou conversar com o motorista do coletivo, André Luiz da Silva Oliveira, 33 anos. Segundo o delegado, no entanto, o condutor, que fraturou uma perna e bateu com a cabeça na hora da colisão, alega não lembrar do acidente.

Ontem, Silva afirmou que o motorista e o estudante de engenharia civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rodrigo dos Santos Freire, de 25 anos, serão indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Testemunhas afirmam que os dois tiveram uma briga e Rodrigo teria agredido o condutor pouco antes do ônibus despencar do viaduto.

Ainda segundo o delegado, Rodrigo já tem um registro de ocorrência como autor e vítima, por conta de uma briga com vizinhos em sua rediência. André Luiz segue internado no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, onde aguarda por uma cirurgia no fêmur.  

Após entrevita para TV, vítima deixou de receber assistência de empresa de ônibus

Uma das vítimas da tragédia na Avenida Brasil, Daniel Silva afirmou que deixou de receber assistência da empresa Paranapuan, a quem pertencia o ônibus da linha 328 (Castelo-Bananal), após dar declarações contra o motorista em entrevista a Rede Record, nesta quarta-feira.

“Ele (representante da empresa) me ligou dizendo que não me ajudaria mais”, denunciou Daniel, que também criticou o atendimento no Hospital Federal de Bonsucesso. “Não tinha o material para imobilizar minha perna. Sai de lá e fui para um hospital particular. Só cheguei em casa às 3h da madrugada”.

Ainda segundo ele, a discussão entre o motorista e um passageiro, que seria o universitário Rodrigo Freire, teria começado com deboche do condutor. “O motorista disse para o rapaz que, se ele não tivesse satisfeito, comprasse um carro”.

Nenhum representante da Paranapuan foi localizado para comentar as declarações de Daniel Silva.

Drama no IML

Familiares e amigos de vítimas do acidente passaram a noite de terça-feira e parte da madrugada no Instituto Médico-Legal sem uma notícia sobre essas pessoas. A namorada do farmacêutico Oséas da Silva Cardoso, 39, Viviane Diniz, 31, viveu oito horas de angústia, antes de saber, pela internet, da morte dele.

“Meu desespero começou às 6h da tarde, pois ele não chegava. Liguei várias vezes para o celular e ninguém atendia. Não fui procurada pela empresa de ônibus, nem pela prefeitura, nem pelos bombeiros, hospital ou polícia. Às 2h da manhã, já desesperada, coloquei o nome dele completo na internet e apareceu a notícia. Acho que as autoridades precisavam ter mais preocupação de avisar às famílias", criticou Viviane.

Viadutos não cumprem exigências

Partindo do Centro do Rio, não é preciso circular muito para observar vários viadutos em desacordo com o padrão estabelecido pelo Dnit, em 1996.

Segundo Antônio Eulálio Pedrosa, engenheiro do Crea e especialista em pontes e grandes estruturas, diversos elevados na cidade não atendem às exigências, tampouco possuem muretas — denominadas guarda-rodas — capazes de evitar tombamentos de veículos.

“O padrão atual do Dnit determina que essas muretas tenham 80 centímetros em relação ao asfalto, além de resistência para suportar o choque de veículos e evitar seu tombamento, de forma que os joguem para dentro da pista”, explicou Eulálio.

Ainda de acordo com o especialista, os viadutos Edson Luiz de Lima — no Trevo dos Estudantes, Aterro do Flamengo —; dos Marinheiros, Centro; Rainha Carlota Joaquina, em Botafogo; além dos dois elevados de entrada e saída da Ilha do Governador, na Av. Brasil, são alguns dos que representam perigo à população.

Manual do Dnit determina que as barreiras de concreto devem ter altura, capacidade resistente e perfil interno adequados para impedir a queda do veículo desgovernado, absorver o choque lateral e propiciar sua recondução à faixa de tráfego.

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