O presidente da França, François Hollande, retirou nesta terça-feira da pasta de Orçamento o ministro Jérôme Cahuzac, a quem o Ministério Público investiga por supostamente ter tido uma conta não declarada na Suíça.

Cahuzac será substituído por Bernard Cazeneuve, até agora vice-ministro de Assuntos Europeus, que deixa esse posto a Thierry Repentin, informou o Palácio do Eliseu em um breve comunicado, no qual acrescentou que o próprio ministro de Orçamento pediu para deixar suas funções.

A decisão de Hollande aconteceu horas depois que a procuradoria decidiu abrir uma informação judicial para prosseguir suas investigações no escândalo no qual Cahuzac se viu envolvido.

Pouco depois, em um segundo comunicado, Hollande agradeceu a Cahuzac "a ação que realizou desde maio de 2012 como ministro de Orçamento (...) com talento e competência".
"Saúdo a decisão que tomou de apresentar sua renúncia como membro do governo para defender melhor sua honra", acrescentou o chefe do Estado francês.

Cahuzac, por sua parte, indicou em uma nota enviada aos meios de comunicação que apresentou sua renúncia "por respeito ao bom funcionamento tanto do governo como da Justiça".

"Isto não muda nada nem da minha inocência nem do caráter caluniador das acusações lançadas contra mim e vou concentrar toda minha energia para provar isso", assegurou.

A procuradoria de Paris pediu ajuda na investigação por suposta lavagem de dinheiro e fraude fiscal, entre outros, à Confederação Helvética e a Cingapura, para onde se supõe que teria transferido a conta ao fechá-la na Suíça.

O escândalo começou em dezembro do ano passado depois da publicação no site "Mediapart" que Cahuzac, médico de formação, possuía uma conta não declarada na entidade helvécia UBS que teria fechado em 2010, ano no qual supostamente transferiu seus fundos a Cingapura.

Esse meio baseava suas informações, entre outras coisas, em uma gravação telefônica na qual o interlocutor falava da necessidade de Cahuzac fechar a conta na UBS, em prol de seu futuro político.