Viçosa se despede do Mestre de Reisado Osório Tavares

Ícone da cultura viçosense morreu ontem devido a complicações de diabetes

12/01/2013 06:29

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Redação com assessorias

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O Mestre de Reisado Osório Tavares, patrimônio cultural de Alagoas, será sepultado às 10h30 deste sábado (12), no Cemitério Municipal Frei Cassiano de Camacho do município de Viçosa.

Mestre Osório morreu, aos 90 anos, ontem à tarde vítima de falência múltipla dos órgãos devido a diabetes. Ele estava internado no Hospital Municipal de Viçosa desde o dia 04 deste mês.

Começou a dançar aos 8 anos de idade e herdou do pai, Terto Tavares, a paixão pelo folguedo. Paixão que foi transmitida aos filhos. Por muitos anos comandou o grupo de reisado de sua terra natal. Hoje, Mestre Expedito e o violeiro José, filhos do Mestre Osório são os responsáveis por manter viva esta tradição.

As músicas de Mestre Osório e as apresentações do reisado ultrapassaram fronteiras econtribuíram expressivamente para manter o legado de Viçosa como berço da cultura alagoana. Homem de muita sabedoria, ele conseguiu adquirir muitos ensinamentos com o pai e teve a preocupação com a perpetuação da tradição, fazendo o repasse dos conhecimentos.

Maria Cicera Leite é a coordenadora do grupo de reisado e relata a importância da figura do Mestre Osório. “Tudo que a gente tem e sabe é graças ao Mestre Osório. É uma semente que ele plantou e nunca vai acabar. Depois de mim eu já passei para filho e neto”, destacou. 
Karina Padilha, secretária de Cultura e Turismo de Viçosa, descreve o Mestre como um patrimônio cultural da cidade.

“É uma perda imensurável. Ele foi representante maior do reisado em Alagoas, deixou músicas, versos, que são patrimônios da cidade, são como um hino, emocionam e tocam na alma do viçosense. Ele teve muita inspiração em sua carreira. Um representante folk, do povo. Suas inspirações vinham do ambiente, das lembranças, e ele com certeza presenciou muitas histórias. Acompanhando o pai adquiriu esta sabedoria e a habilidade de transmitir, por isso é respeitado por todos”, evidenciou Karina Padilha.

OUTRAS PERDAS - Em abril de 2010 Viçosa perdeu o Mestre de Guerreiro Sebastião. Patrimônio vivo da cultura alagoana. Em março de 2011 faleceu o Mestre de Guerreiro Daniel. Ele foi Mestre de Quilombo, era excelente tocador e dançador de coco de roda, além de contador de histórias de trancoso.

REISADO – De acordo com o conceito descrito no site www.cultural.algov.br, Reisado é um auto popular, profano-religioso, formado por grupos de músicos, cantores e dançadores, que vão de porta em porta, no período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, anunciar a Chegada do Messias, homenagear os Três Reis Magos e fazer louvações aos donos das casas onde dançam.

No Brasil, o Reisado é espalhado em quase todo o território com os nomes de Reis, Folias de Reis, Boi de Reis ou apenas Reisado. Sua principal característica é a farsa do boi, que constitui um dos entremeios ou entremeses, onde ele dança, brinca, é morto e ressuscitado. Portanto, no sentido estrito, são Reisados em Alagoas, além do próprio Reisado, o Bumba meu boi e o Guerreiro.

Marca alagoana dos Reisados é que no Estado ele sincretizou (misturou-se) com o Auto dos Gongos, que por si próprio já era um Reisado.

O Reisado é de origem portuguesa. Em Portugal era costume os grupos de Janereiros e Reiseiros saírem pelas ruas pedindo que lhes abrissem as portas e recebessem a nova do Nascimento de Cristo. Os donos das casas recebiam os grupos e a eles ofereciam alimentos e dinheiro.

São personagens do Reisado: Rei, Rainha, Mestre ou Secretário de Sala, contramestre, Mateus e Palhaços. Suas vestimentas são saiotes de cetim colorido, adornados de gregas douradas ou prateadas. Chapéu de abas largas, cheios de espelhos redondos, flores artificiais e fitas variadas.
 

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